29 abril 2011

Uma Teoria Darwiniana da Beleza




No final do ano passado, assisti a uma palestra do TED Talks que me deixou vivamente impressionado. Assunto: "Uma Teoria Darwiniana da Beleza". O palestrante, Denis Dutton, é professor de filosofia e editor da Arts & Letters Daily. A gravação ocorreu em fevereiro de 2010, num dos auditórios da TED TALKS. Demorei para mencioná-la porque somente agora percebi que os trabalhos de legendagem já haviam sido concluídos. Mas valeu a pena. Dutton confessa que é fascinado pelo conceito de "beleza". Eu, por meu turno, estou fascinado pela sua linha de raciocínio, ou seja, pela forma com que ele defende a tese de que o cérebro humano parece ter sido “projetado” para buscar o “belo” em tudo que o cerca, e que esse comportamento é uma consequência natural da evolução da espécie humana. O video dura pouco mais de 15 minutos - que passam rápido demais porque, em vez daquelas tradicionais apresentações em PowerPoint, Dutton sincroniza a sua fala com as ilustrações do animador Andrew Park, que são uma atração à parte. Leiam, antes, a sinopse extraída do próprio site:

“TED colabora com o animador Andrew Park para ilustrar a provocativa teoria da beleza de Denis Dutton - de que arte, música e outras coisas lindas, longe de estarem simplesmente ‘nos olhos de quem vê,’ são uma parte vital da natureza humana com profundas raízes evolucionárias.”

Obs: para apreciar melhor as ilustrações, eu recomendo que o leitor expanda o vídeo para a tela inteira.







(fonte: TED Talks)


26 abril 2011

Pai do CD morre aos 81 anos

Uma das notícias mais impactantes da semana (ao menos para os amantes da Música) é a do falecimento, aos 81 anos, de Norio Ohga, ex-presidente da Sony que ficou conhecido como o “pai do CD”.

Ohga merece, sim, ser homenageado – mas pelo que fez, e não pelo que não fez. Merece, sim, entrar para a história, não por ter desenvolvido a tecnologia do Compact Disc (CD), mas por ter acreditado e investido nela desde que a viu pela primeira vez. É disso que trata um excelente artigo de Norman Lebrecht para o Arts Journal (o original, em inglês, está AQUI). Leia a minha tradução abaixo:



Pai do CD? Não, ele não foi.
Norio Ohga, o ex-presidente da Sony que morreu aos 81 anos, costumava se esquivar do título de “pai do compact disc”.
Vamos aos fatos. A tecnologia do CD foi desenvolvida pela Philips na Holanda. Quando se recuperava de um acidente de carro em 1979, Ohga viu um protótipo do Laservision, que a Philips acabara de lançar, e passou a pressionar os holandeses a compartilhar com ele um programa acelerado de desenvolvimento desse produto, dizendo que, de outra forma, a Sony o faria sozinha. Estipulando prazos apertados, fez os holandeses correrem contra o tempo.
Ohga me contou que persuadiu engenheiros a aumentar a capacidade do CD dos 60 minutos originaimente previstos para os 90 minutos necessários para conter toda a Nona Sinfonia de Beethoven, a favorita de sua esposa. Um dia, apresentou um protótipo para Herbert von Karajan. O maestro ficou bastante impressionado, e conseguiu convencer a Philips (dona do selo Deutsche Grammophon) a investir 100 milhões de marcos alemães numa fábrica de CDs em Hanover. Ohga, por seu turno, gastou 30 milhões de dólares numa instalação similar no Japão.
E para por aí o envolvimento de Norio Ohga no projeto. (...) Ainda hoje floresce o mito de que o CD foi de alguma forma o produto da genialidade de Ohga, e muitas das manchetes de hoje o estão chamando de “o pai do CD”. Se há alguém que merece esse título, esse alguém é o líder do grupo de holandeses que desenvolveu o CD: Kees A. Schouhamer Immink (foto abaixo).


Voltando. Ohga, como disse, merece, sim, ser homenageado - não como "pai" do projeto do CD, mas como o seu principal "patrocinador". Teve, também, papel fundamental no estabelecimento do Compact Disc da Philips como o novo padrão para a indústria fonográfica. Mas não há como se atribuir a ele a paternidade do produto. Afinal, "pai" (ao menos na acepção mais conhecida do termo) é aquele que gera, cria, engendra, e não o que apenas sustenta ou incentiva. Beethoven, por exemplo, teve alguns incentivadores. Um deles foi o Conde de Waldstein. Nem por isso, Beethoven deixou de ser ele próprio (e não Waldstein) o verdadeiro pai de suas obras. Aproveito para dar como exemplo do equívoco citado no artigo acima o que se lê neste artigo do site Inovação Tecnológica, um dos muitos que encamparam a idéia de que Ohga seria o “pai do CD”.



(fonte: Arts Journal)