14 maio 2011

Eliseu Visconti no Theatro Municipal do Rio




É possível que muitos dos frequentadores do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (mesmo os mais assíduos) não saibam, mas enquanto aguardam em suas cadeiras o início de uma sinfonia de Beethoven, de um ballet de Tchaikovsky ou de uma ópera de Verdi, para onde quer que olhem, encontrarão alguma obra do pintor Eliseu Visconti. Seu trabalho pode ser visto em praticamente todo lugar: desde o pano de boca (a "cortina" que cobre o palco), até o plafond (teto sobre a platéia). Mesmo no foyer podemos apreciar algumas de suas criações.




A imagem ao lado é de um de seus quadros mais conhecidos (e um dos meus preferidos). Chama-se "AS DUAS IRMÃS" ou "NO VERÃO":





O vídeo abaixo é um agradável passeio pelo trabalho que ele fez para o TMRJ:







13 maio 2011

Acervo com mais de 50 mil itens, só sobre violão




Os aficcionados do violão terão acesso, muito em breve, ao que será certamente a maior coleção de discos de violonistas da América do Sul - senão a maior do mundo - com cerca de 50 mil itens. São verdadeiras raridades em forma de discos, acetatos, CDs, fitas VHS e partituras. Tudo isso fazia parte do acervo particular de Ronoel Simões, falecido em outubro de 2010, e vai ficar exposto no que virá a ser o Espaço das Artes, que está sendo construído no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Veja a reportagem completa no Estadão.

(veja também: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)





LOC Jukebox




A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, localizada em Washington D.C., é a maior do mundo em número de livros e em espaço de armazenagem. E onde entra o jukebox nessa história? É que, se você acessar o site da LOC (Library of Congress), verá que há exatamente isso: uma seção denominada “jukebox”. Nela, há um aplicativo emulando uma “máquina de música” para permitir que se ouça mais de 10 mil gravações feitas pela Victor Talking Machine nos primeiros anos do século XX – incluindo mais de 1000 peças clássicas, algumas delas verdadeiras relíquias. Há até uma marcha de John Philip Souza baseada em temas da ópera Parsifal, de Wagner, e interpretada pela sua própria banda.

Clique aqui para acessar o LOC Jukebox.





11 maio 2011

Hahn-Bin

Discípulo do legendário Itzhak Perlman, Hahn-Bin, de 22 anos, é um virtuoso do violino. Diferente, cheio de dinamismo, Hahn-Bin encarna uma espécie de renascença da música clássica, fundindo seu repertório altamente evocativo com performances de arte pop, em concertos “extraordinários, inteligentes e bonitos” (The Washington Post) e programas “inspirados, inovadores e estimulantes” (The New York Times).

Nascido em Seoul, Hahn-Bin fez sua estréia internacional com doze anos de idade, numa homenagem a Isaac Stern feita durante o 42o Grammy Awards. Após uma década de estudos sob a tutela de Itzahk Perlman na Juilliard School, Hahn-Bin foi aclamado pela crítica no seu concerto de estréia em 2009, quando ganhou o Prêmio Peter Marino Concert, no Carnegie’s Zankel Hall, e também quando obteve o primeiro lugar na prestigiada Young Concert Artists International Auditions (Audições Internacionais de Jovens Concertistas).



Nesta temporada, Hahn-Bin retorna ao Carnegie Hall na premiere mundial de “Still Life” - uma peça para violino e orquestra que Christopher Cerrone compôs sob medida para ele e para a New York Youth Symphony (Sinfônica Jovem de Nova Iorque). Para a turnê de seu novo recital - “The Five Poisons” (Os Cinco Venenos) - estão previstas apresentações no Museu de Arte Rubin, em Nova Iorque, e no Konzerthaus, em Berlin.

Hahn-Bin apresentou-se recentemente em muitas salas, como o Auditorium du Louvre, em Paris, o Kennedy Center, em Washington, o Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, além de ter participado de eventos com a Queensland Orchestra, na Australia, e com todas as principais orquestras coreanas, incluindo as Filarmônicas de Seoul, Bucheon, e Daejeon, tanto na Coréia como em uma turnê pelo Japão.

Eis alguns dos elogios que vem recebendo da crítica especializada:

"Hahn-Bin established
his virtuoso credentials with an
astonishingly cool rendering of his
ferociously difficult program,
dashing off tangled webs of
multiple stops without any hesitation
or struggle. Equally striking was the
broad, lustrous tone that Hahn-Bin
draw forth from his violin."
— The Washington Post


"The 22-year-old violin phenomenon's recital was without question the most exciting performance I've heard in years. Unusual, daring and original, one was quickly transported into Hahn-Bin's artistic universe by the sheer force of his personality and prodigious musical gift."
— The Omaha World Herald


"A tour de force...Eyes closed,
Hahn-Bin is calling spirits."
— Newcity Chicago


"Was it a deal with the devil that made this young superstar become so incredibly talented? Was it the training from Itzhak Perlman? No explanation suffices. Brilliant, audacious, and exuberant Hahn-Bin mesmerized the sold-out crowd."
— The Huffington Post


"The audience could not have been more impressed by Hahn-Bin's astonishing virtuoso passages, his warm and noble tone, and the extraordinary control he exercised over every attack."
— The Tribune


"The immense technical ability of the young virtuoso was astonishing. More important were the expressive dimensions of his boundlessly soaring manner of playing and the fascinating variety of his tonal palette."
— Die Rheinpfalz, Germany







10 maio 2011

Jack Vidgen




Assisti ontem, no Youtube, ao vídeo de um garoto australiano de 14 anos que participou recentemente do Australia’s Got Talent cantando um sucesso de ninguém menos que Whitney Houston. Jack Vidgen já está sendo considerado por muitos a “nova Susan Boyle”. Há outros, no entanto, que preferem chamá-lo de o “novo Justin Bibier”. Comparações à parte, ele é uma raridade. Graças ao seu talento, deve ser notícia por um bom tempo ainda. Mas ele tem 14 anos. Isso significa que sua voz está em pleno e acelerado processo de mudança. Se já há quem o queira gravando um CD, é bom que o faça o mais rápido possível, ou não teremos o mesmo Vidgen do vídeo abaixo – poderá ser melhor ainda, quem sabe, mas igual ao de hoje não teremos. Lembro-me de Robin Schlotz, que também tinha 14 anos quando cantou a ária da “Rainha da Noite” num vídeo que eu já havia postado aqui, e que incluo neste artigo apenas para ilustrar a coincidência de idades. Shlotz, que hoje está com 18 ou 19 anos, jamais voltou a cantar a “Rainha da Noite”.








Cecília Bartoli - Sacrificium

O estilo é o mesmo das sonatas para flauta de Vivaldi. A dificuldade, também. Eu, que já me impressionara tanto com o virtuosismo de Michala Petri, principalmente por conseguir tocá-las numa flauta-doce (e não numa flauta transversa, como nas tradicionais gravações de Jean-Pierre Rampal e Aurele Nicolet), teria que me ajoelhar diante de alguém capaz de fazer o mesmo - mas com a própria voz! Estou sem palavras diante desta gravação de Cecilia Bartoli. É, talvez, a demonstração mais impressionante de virtuosismo vocal que eu conheço. Trata-se de seu álbum “Sacrificium” – uma obra feita para nos alegrar, mas também para nos fazer refletir a respeito da estupidez humana.



Esse álbum é ao mesmo tempo uma homenagem e um lamento, pois chega a ser inconcebível que, não faz tanto tempo assim, e em plena Europa civilizada, a mesma sociedade culta e sensível que frequentava as salas mais refinadas da Itália pudesse aceitar como normal a castração anual de cerca de 4000 jovens, só para que não perdessem suas vozes de soprano quando virassem adultos (a capa do álbum tenta ilustrar esse conceito - a cabeça de uma cantora, Bartoli, num corpo de homem). Não me surpreendo quando ela mesma diz que as árias desse álbum são “provavelmente as mais difíceis que eu já gravei” (ou seja, aquela ária de Haydn que eu mostrei aqui num outro post pode até ser considerada uma das mais difíceis do século XVIII, mas NÃO é a mais difícil que ela já cantou). Transportemo-nos, então, para os tempos de Farinelli (o mais famoso dos castratti), e tentemos imaginá-lo cantando essas mesmas árias. Todos os aplausos seriam insuficientes para recompensá-lo pelo talento e pelo sacrifício.

O vídeo abaixo começa com uma breve introdução ao referido álbum (com declarações da própria Bartoli), e segue (a partir dos 3’10’’) com a íntegra da ária “Cadro, ma qual te miro”, de Francesco Araia (dêem uma atenção especial para as sequências que começam aos 4’20’’ e aos 6’40’’):






09 maio 2011

The Thor Soundtrack




Pessoal, o homem da foto não é Thor. É Patrick Doyle, compositor da trilha sonora de Thor. Em minha campanha pela valorização dos compositores, sugiro a todos que assistam ao filme nos cinemas (ou em casa, se preferirem) mas prestem atenção também à música. Ela é muito importante. Imaginem o mesmo filme sem música alguma – ou seja, só com os diálogos. Fica esquisito, não? E não se pode colocar qualquer música, não. Uma boa trilha sonora sempre é parte fundamental de qualquer narrativa em cinema de ficção. É ela que dá relevo às mensagens que o roteirista e o diretor do filme querem nos passar. É ela que nos faz entrar na pele das personagens, incorporar os seus sentimentos, isto é, medo, coragem, paz, ansiedade, ódio ou paixão.

Quando estiverem assistindo ao filme, e prestando bastante atenção à sua música, lembrem-se de que o autor, Patrick Doyle, também assinou a trilha sonora de outros 42 filmes – alguns muito conhecidos e badalados, como Harry Potter and the Globet of Fire (Harry Potter e o Cálice de Fogo), de 2005, e Eragon, de 1996. Desde 1989, quando compôs para “Henry V”, já foi indicado duas vezes ao Oscar (por Sense and Sensibility, de 1995, e Hamlet, de 1996) e ao Globo de Ouro (por Dead Again, de 1991, e por Sense and Sensibility, de 1995). É o responsável também pela música de outro filme cujo lançamento está previsto para 5 de agosto deste ano: Rise of the Planet of the Apes.

Confira todos os detalhes da trilha sonora de Thor – incluindo amostras de suas músicas – neste site.





Como Viver de Música - 2




Sempre houve muitas formas de se viver de música. Na verdade, até quem não sabe sequer o que é um acorde de Do Maior pode viver de música. Eu, no entanto, prefiro falar dos que estão no extremo oposto: os compositores. De todos os profissionais envolvidos nesse negócio, considero-os os “grandes injustiçados”. A música não existiria sem eles, e, no entanto, aos olhos do grande público eles são em geral quase tão "invisíveis" quanto os engenheiros de som de um estúdio de gravação. Com raríssimas exceções, vivem “à sombra” dos que gravam as suas músicas. Querem ver? Alguém sabe quem compôs, por exemplo, “One Time”, um dos grandes sucessos de Justin Bibier? Não, não foi o próprio cantor. Dou uma dica: foram três.

O mote para esta minha série de posts foi justamente uma história contada por Leoni em seu blog, a respeito de um programador de computadores que se demite do emprego para virar compositor em tempo integral. Ao lê-la, dei-me conta da revolução que está em curso: a popularização da Internet e o surgimento de softwares gratuitos de produção musical estão permitindo o surgimento de uma nova profissão – a do compositor autônomo.

Em geral, a composição é um ato solitário. Mas pode, também, ser um ato coletivo, como nas parcerias. Tenho ouvido falar, inclusive, no conceito de “composição colaborativa”, em que vários indivíduos se reunem (ou se comunicam por email, etc.) para compor uma peça musical. Não deixa de ser uma experiência interessante. É mais ou menos o que acontece quando uma turma de grafiteiros se reúne para pintar um grande muro – surge daí uma obra coletiva. Pois o que eu tenho para dizer aqui vale tanto para o compositor individual quanto para uma "equipe" de compositores.

O caso de Coulton (o programador que se demite para viver de música) é exemplar. O que mais me impressiona em sua história é a coragem com que ele se lança na empreitada, partindo praticamente da estaca zero. A confiança em si mesmo é a chave do sucesso. No fundo, talvez achasse o seguinte: “há um certo público disposto a ouvir determinado tipo de música; eu sou o cara que faz esse tipo de música; tenho, então, que fazê-la e levá-la àquele público”.

Coulton venceu porque foi atrás de um público que sempre foi seu. Nem ele nem seu público se conheciam. A Internet facilitou esse encontro. Mas isso só não bastou. Ao longo do tempo, foi preciso se que ele se mantivesse fiel a si mesmo. Preservar um estilo próprio é sempre fundamental para qualquer artista, pois fortalece o vínculo já estabelecido entre ele e os fãs do seu trabalho, permitindo, inclusive, que ele conquiste novos admiradores sem perder os já conquistados. Guiar-se pela cabeça do público, por outro lado, é um grande erro. O público é muito heterogêneo. Tentar adivinhar as suas preferências poderá levá-lo a uma verdadeira “salada-russa” de estilos. Você poderá até ganhar novos seguidores, mas perderá os que já tinha. Evite a tentação de tentar agradar a todos: nem Jesus conseguiu isso.

Ser coerente consigo mesmo é muito mais simples e, por incrível que pareça, mais efetivo. Isto não significa que devamos evitar os modismos. Explico melhor: a toda hora surgem novas “ondas” na Música. Na década de 50, surgiu o rock, depois a bossa-nova, etc. Um bom compositor pode experimentar em todos esses gêneros, e ainda assim manter um estilo bastante pessoal – por que não? Tom Jobim, por exemplo, começou compondo sambas-canção, para depois se tornar um dos líderes do movimento da bossa nova, estilo que ajudou a criar. Mas ele compôs, também, a Sinfonia de Brasília, uma peça orquestral. Depois, no início da década de 70, lançou Matita-Perê, também predominantemente sinfônica.

Se você acha melhor escolher um tipo de música baseada no gosto da maioria, independente até do seu próprio gosto pessoal, talvez não esteja na carreira certa. Talvez fizesse mais sucesso como produtor, e não como criador.

E o dinheiro?

Bom, estabelecer o preço de um produto não é tarefa fácil. Deve-se atentar para as reações do mercado. É ele que vai dizer se determinada coisa está barata ou cara. A fórmula encontrada por Coulton, por exemplo, foi bastante efetiva: ele deixou que os seus próprios clientes sugerissem o valor de suas músicas. Outra idéia excelente que ele teve foi divulgar e manter atualizada em seu site a média dessas propostas, de modo que os novos clientes pudessem ter uma idéia do valor que poderiam sugerir.

(artigo anterior: Como Viver de Música - 1)




08 maio 2011

John Walker recria grandes interpretações




Será que algum dia existirá um programa de computador capaz de gerar partituras a partir de músicas gravadas em arquivos MP3? Estou entre os que acreditam que sim. Esse é, inclusive, o sonho de nove entre dez músicos (senão de todos). Mas está longe de ser conseguido. Alguns dos softwares que eu conheço até que se saem maravilhosamente bem com música monofônica. O bicho pega mesmo é com a polifonia (um dia, volto aqui para tratar especificamente desse assunto). A palestra que veremos no vídeo abaixo tem muito a ver com o que acabei de falar. Nela, John Q. Walker nos fala de um produto que realmente funciona – ou seja, que faz aquilo a que se propõe, que é recriar, num piano acústico real, uma performance gravada anteriormente. Não se trata da transcrição propriamente dita, ou seja, das notas, mas do “toque”, da força com que os dedos do pianista aciona cada tecla, e das inúmeras gradações de pedal. Não deixa de ser um verdadeiro milagre da tecnologia. Leia, antes, a sinopse que acompanha o vídeo no site da TED Talks:

Imagine-se ouvindo grandes pianistas, já falecidos, tocando agora novamente, como se estivessem vivos. John Q. Walker demonstra como as gravações podem ser analisadas para determinar com precisão os toques nas teclas e os movimentos de pedal para, então, serem tocadas novamente em pianos de concerto controlados por computador.

(aproveite para ver também a minha seção de partituras gratuitas: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)