30 maio 2009

Korg Triton Extreme 88-Key Synthesizer




Obs: Este post contem a tradução da análise feita por Dan Maynard, para a Piano Keyboard Reviews, do sintetizador com teclado de 88 teclas Triton Extreme, da Korg.


O Korg Triton Extreme 88-Key Synthesizer tem funções tanto para sampling como para composição, e não é, definitivamente, para quem pretende simplesmente adquirir um substituto para o piano. Com cinco vezes mais memória que o modelo Triton tradicional, ele tem capacidada para armazenar até 1334 presets.

O sintetizador Korg Triton Extreme 88-Key disponibiliza uma enorme quantidade de sample voices, incluindo os populares Trance Attack, Orchestral Collection, Dance Extreme e Studio Essentials. O sequenciador de 16 bits usa o exclusivo Korg Open Sampling System, e apresenta o In Track Sampling, com o qual se pode samplear áudio diretamente no sequenciador enquanto ele toca.

Uma polifonia de 120 notas garante ao músico a tranquilidade de que nenhuma nota será abortada, mesmo nas passagens musicais mais densas, e as 200 canções (e 200.000 notas) à sua escolha fazem desta estação de trabalho a realização dos sonhos de qualquer compositor. A função Realtime Pattern / Play Recording (RPPR) também tem feito muito sucesso entre os seus usuários.

Devido ao preço pelo qual é vendido (em torno de $2300), é natural que se olhe também para as versões do Triton Extreme com 76 ou 61 teclas. Estes custam $1900 e $1600, respectivamente, e suas teclas vêm com synth action, resposta variável de velocity e aftertouch. No entanto, o modelo com 88 teclas vale o investimento extra devido ao seu teclado com Real Weighted Hammer Action II (teclado com mecanismo que reproduz a ação e o peso das teclas do piano), exclusivo da Korg, que proporciona a sensação de um piano acústico.

Mas há certas questões que vêm sendo suscitadas em outras análises a respeito desta estação de trabalho. A principal delas é que a RAM onboard só permite cerca de dois minutos de sequências mono, e ainda menos de sequências stereo. A RAM pode ser expandida para até 96 MB, mas isto é, ainda, insuficiente para o tipo ambicioso de composição para o qual esta estação foi projetada. Um outro problema são as ligeiras interrupções que ocorrem no som quando se mudam programas e combinações, particularmente quando se está usando IFX e MFX (apesar de o testador ter relatado que os mesmos eram inaudíveis no meio das outras partes que se está tocando).


CONCLUSÃO

Este Korg Triton é, definitivamente, uma estação de trabalho para os que procuram uma enorme variedade de funções de sampling e gravação que os ajudem a criar composições complexas. O azul sóbrio de seu gabinete é fantástico para performances ao vivo, ou mesmo num estúdio, e o mecanismo exclusivo de ação do teclado de 88 teclas faz valer o investimento extra.






29 maio 2009

MOOG VOYAGER OLD SCHOOL (Parte 6)

Aqui está o final desta série em que traduzo a análise feita por Paul Nagle, para a Sound on Sound, do Minimoog Voyager Old School. Resolvi juntar num mesmo post a conclusão e as duas observações adicionais que ele fez em seu artigo, para que possamos entrar em novo assunto já no próximo post.

Antes, já que o autor faz uma série de comparações deste produto com o seu antecessor (a que ele se refere, abreviadamente, por Voyager), vejam este vídeo, em que os dois modelos podem ser vistos lado-a-lado, em plena atividade numa feira em Frankfurt:





Vamos, então, ao resto deste artigo:

CONCLUSÃO
Se, antes do lançamento do primeiro Voyager, alguém tivesse me perguntado o que eu gostaria de encontrar num Minimoog moderno, minha resposta ficaria a centenas de milhas do que é hoje o Old School. Para começar, acho o seu nome oficial (Minimoog Voyager Old School) excessivamente longo; como teria sido melhor se eles o tivessem chamado simplesmente de Minimoog Model E! De todo modo, este sintetizador é tão adaptado às exigências de um solista como o era o Model D de anos atrás. Basta olhar de relance para o seu painel para encontrar o que procura; seus controles parecem todos justos e estão ergonomicamente distribuídos para não nos impedir o acesso a toda a riqueza de seus tons. Entretanto, você não precisa estar preso ao passado: o Old School tem muito mais a oferecer do que isso, graças ao seu LFO dedicado, ao oscillator sync, ao FM e ao sistema dual de filtragem. Considerando-se, ainda, o barramento duplo de modulação e a interface do painel traseiro, as opções tendem a crescer exponencialmente.

Um Voyager V3 oferece 896 configurações prontinhas para usar, mas eu lhes garanto que um músico experiente em Old School será capaz de se virar nos controles para achar o som desejado no mesmo tempo que levaria para selecioná-lo de uma lista – com a vantagem de que a cada vez este som será um pouco diferente. Não vá para um Old School se o que você busca é fazer uma música absolutamente repetitiva; sem memórias para ajudar, o usuário deste sintetizador é estimulado, não a decorar (ou anotar) cada configuração favorita, mas a entender o instrumento com tal profundidade que a tarefa se torne intuitiva. Por 500 libras esterlinas a menos do que se pagaria por um Voyager Performer, o Old School pode servir tanto para economizar quanto para educar.

Nem tudo, entretanto, são rosas neste jardim. Descartar a tecnologia MIDI parece ter sido um corte radical demais, principalmente se considerarmos o desafio que é sequenciar o Old School através do CV input. Uma objeção menor seria a dificuldade de se ajustar ataques longos e tempos de releases suficientemente precisos. Até admito que se trata mais de um problema para o meu estilo de executar solos fluentes do que de uma limitação séria. Na verdade, se eu tivesse que indicar uma única coisa que realmente tenha me incomodado, eu mencionaria aquelas marcas azuis de configuração “default”. Elas realmente desvalorizam o que, de outra forma, seria um painel bastante elegante. Sim, eu sou um velho ranzinza, a ponto de cismar com tais coisas – mas será que nós realmente regredimos tanto assim no espaço de 30 anos que agora precisamos conviver com essas marcas no painel?

Além disso, bits não fazem parte dos sinais que um Voyager possa processar, mas se você sente que a presença da tecnologia MIDI e de patch memories são uma espécie de truque sujo, ou se você simplesmente sonha com um Moog moderno, confiável e simples de usar, o Voyager Old School é exatamente o que um médico lhe prescreveria.


OBSERVAÇÕES:


Preocupações com o CV...
A despeito da diversidade de conexões oferecidas pelo Old School, alguns poucos itens importantes não conseguiram ganhar um lugar de destaque no meio da multidão. Existe uma escassez de voltage outputs. No entanto, como um extra opcional, estes podem ser acrescidos graças ao CV Expander VX351, da Moog, por meio de um pequeno conector multi-pino que permite o acesso a voltagens produzidas pelo velocity e pelo aftertouch do teclado, assim como a do mod wheel, entre outros. Tenha em mente que este expansor foi criado para o Voyager original, de modo que algumas de suas saídas (por exemplo a do Touch Surface) não se aplicam ao Old School, ou, no caso das saídas de pitch e gate, apenas duplicam o que já estiver lá.

Foi bom que o CV e a interface Gate tenham sido colocadas on board, já que, na ausência da tecnologia MIDI, o Old School precisa de uma alternativa que lhe permita interagir com o mundo exterior. Nos meus próprios testes, eu achei que a tensão de saída do teclado estava muito abaixo da do meu Roland SH101. Estranhamente, todas as notas abaixo do Do mais grave o deixaram louco – apesar de três oitavas (C-C) terem funcionado confiavelmente. Após uma investigação, descobriu-se que o Old School estaria enviando voltagens negativas a todas as notas abaixo do primeiro Do, um fato com o qual alguns sintetizadores (como o 101) não conseguem lidar.

Infelizmente, foi a chegada da resposta pitch-CV que me causou mais problemas. Impulsionado pelo SH101 ou pelo meu conversor Kenton Pro 2000 MIDI-to-CV, o Old Scholl esteve longe de se comportar corretamente. A Moog me informou que eles decidiram omitir do projeto a calibração para a entrada CV, e, como melhor solução, me sugeriram utilizar um atenuador, que poderia ser tanto o de um VX351 como o de um Processador de Controles Moogerfooger CP251 (ou de um módulo similar, no caso de se ter um sintetizador modular), para fazer o ajuste fino da voltagem na entrada e, assim, deixar o Old School perfeitamente afinado.

Pessoalmente, eu posso viver muito bem sem patch memories e botões de controle MIDI – mas sem o essencial para a recepção de notas nesse protocolo, eu não consigo disparar aqueles graves explosivos do Moog a partir de um sequenciador sem enfrentar custo adicional ou complicação. Neste ponto, minha nostalgia transferiu-se, por um breve momento, para os primeiros dias do protocolo MIDI, que traz, em si, a solução exata para esse tipo de incompatibilidade de voltagens.


Fora do Menu
Obviamente, existem truques que um Voyager com tecnologia digital pode fazer e que estão além do escopo do Old School – sem um esquema de menus, muita coisa tem que ser simplificada. Portanto, no Old School, não há meios de se fazer transposições no teclado ou configurar curvas de velocidade diferentes. O alcance do pitch-bend vem pré-configurado de fábrica através de um jumper interno, e, portanto, não pode ser programado para cada patch. O modelo testado foi configurado para sete semitons acima ou abaixo, mas você pode mudar isso (desde +/- dois semitons até +/- uma oitava) seguindo-se as instruções providas pela Moog em seu web site.

Não há como emular o mod wheel baseado em menu, nem o mapeamento de pedal (pot mapping), existentes no Voyager, mas há uma outra das características ocultas do Voyager de que eu sinto mais falta: enquanto outros modelos Voyager permitem que se selecione livremente os pólos usados por cada filtro, desde um até quatro, ambos os filtros do Old School estão fixos em quatro pólos, que é o padrão da Moog.

DEMAIS ARTIGOS DESTA SÉRIE: 1 - 2 - 3 - 4 - 5




28 maio 2009

MOOG VOYAGER OLD SCHOOL (Parte 5)

Esta é a quinta parte do artigo sobre o MOOG VOYAGER OLD SCHOOL, de Paul Nagle, mas, antes, vejam esta demonstração caseira:





Viram o que se pode fazer com um equipamento desses? Observaram o trechinho de Jean-Michel Jarre no início?

Agora, o artigo:

FILTROS E ENVELOPES
Havia um único filtro passa-baixas no Minimoog original, e só isso já foi o suficiente para torná-lo uma lenda. O Old School tem dois deles e uma chave com a qual você pode escolher uma dessas duas configurações: a primeira é o modo Paralelo Passa-Baixas, e a segunda é o modo Serial Passa-Altas e Passa-Baixas. Selecionando-se o modo paralelo, cada filtro é direcionado a uma saída de áudio separada; selecionando-se o serial, o áudio é enviado por igual a ambas as saídas.

Como já foi dito anteriormente, a Moog não previu um meio de configurar a frequência de cada filter cutoff individualmente. Em vez disso, ela permite que se especifique apenas o intervalo entre essas frequências, podendo esse intervalo ser de até três oitavas, para cima ou para baixo. Acionando-se o modo Passa-Altas/Passa-Baixas, entra-se num terreno onde os sons ou são mais lisos ou mais ásperos. Se você procura por sons mais intimistas, afastando-se das características de um Moog, este modo pode tornar-se o seu favorito, com o espaçamento entre os filtros atuando diretamente para tornar um som mais oco ou mais cheio.

Os envelopes (envoltórias) ADSR (attack, decay, sustain e release) foram posicionados verticalmente, e respondem com agilidade, percorrendo valores que vão desde um milissegundo a até 10 segundos. Eu não fiquei particularmente convencido com a calibração utilizada nos botões. No caso do attack, a maior parte do curso de seu botão é ocupado pelos ataques mais rápidos, e no caso do release, uma grande parte do movimento do botão traduz-se em tempos extremamente curtos; somente uma estreita fatia desse bolo está reservada à faixa que vai de um segundo até o máximo. No modelo testado, este máximo ultrapassava os 20 segundos, dificultando enormemente a tarefa de definir com maior precisão os tempos de release.

Assim como no Minimoog, ficou estabelecido, por default, que os envelopes terão single triggering. Isto combina perfeitamente com o meu estilo mais relaxado de tocar – mas pode ser um problema para quem precisa de um fraseado rápido e articulado. Para tais casos, dispõe-se do multi-triggering. Este, no entanto, só é ativado quando se liga o equipamento mantendo-se pressionadas as duas últimas teclas do teclado – algo que, convenhamos, não sei se você gostaria de fazer ao vivo! Esse procedimento tem que ser feito, também, toda vez que o multi-triggering for necessário, já que o sistema não guarda o status. O teclado emprega um critério em que a última nota tocada prevalece, em vez de priorizar a nota mais grave, o que eu considero um avanço. Por fim, há uma chave para inibir o keyboard triggering dos envelopes – conveniente quando se quer que os filtros processem sinais externos.

DEMAIS ARTIGOS DESTA SÉRIE: 1 - 2 - 3 - 4 - 6




27 maio 2009

MOOG VOYAGER OLD SCHOOL (Parte 4)

Antes do artigo propriamente dito, um vídeo demonstrativo do MOOG VOYAGER OLD SCHOOL:





LFOs E VCOs
Creio que todos hão de concordar com o quanto é vital a presença de um LFO dedicado. O que está implementado neste produto cobre uma faixa que vai, aproximadamente, de 0,2Hz até 50Hz, mas que pode ser consideravelmente extendida dependendo da voltagem positiva ou negativa que for aplicada em Control Inputs / Filter. Existem somente quatro formas-de-onda disponíveis: triangular, quadrada, sample-and-hold e sample-and-hold suavizada. Curiosamente, a dente-de-serra não foi disponibilizada – mas os fãs desse tipo de onda ficarão satisfeitos em saber que, assim como no Minimoog, pode-se designar para qualquer um dos três osciladores principais o papel de uma fonte adicional de baixa frequência. Existe, para isso, uma chave que desativa a ligação deste oscilador com o teclado, exatamente como nos velhos tempos.

Em contraste absoluto com o meu próprio (e aposentado) Mini, os VCOs comportaram-se impecavelmente, estabilizando-se depois de uns poucos minutos e mantendo-se assim. A frequência do Oscilador 1 é fixada pelo controle principal de ajuste fino, com os outros dois osciladores podendo ser regulados até sete semitons acima ou abaixo. Os osciladores soam majestosos – desde a sua configuração mais grave, de 32’, até a de 1’ - uma oitava que mostra o seu verdadeiro valor quando você começa a explorar um outro truque “pós Model D” – a Frequência Modulada. Ao acionamento de uma chave, o VCO3 transforma-se na fonte FM do VCO1, proporcionando excessos selvagens de tons metálicos e dissonantes, deixando qualquer solo mais picante.

Por falar em picante, fiquei bastante impressionado, outro dia, com o pedal Moog Freqbox e seu rico oscillator sync, e eu estou mais feliz ainda com a sua implementação no Old School. Designe a um Modulation Bus o papel de controlador de aftertouch sobre a frequência do Oscilador 2, e, pronto, eis o seu oscillator sync. Presumo que a Moog aperfeiçoou a resposta do aftertouch devido à publicação de uma reportagem anterior, porque eu o achei funcionando muito bem, superado, em minha própria “parada de sucessos”, apenas pelo Prophecy, da Korg.

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26 maio 2009

MOOG VOYAGER OLD SCHOOL (Parte 3)



O que você vê é o que realmente você terá – todas as funções do Old School são acessíveis pelo painel frontal reclinável








PARA SEMIDEUSES
Sons assustadores à parte, este é um sintetizador que você vai gostar de tocar – e tocar cada vez mais. Os semideuses dos teclados podem finalmente emergir das sombras, porque o Old School produz uma profusão de sons genuinamente Moog. Se com ele você não conseguir fazer o que quer, talvez seja o caso de investir em outro tipo de equipamento completamente diferente.

Gastei somente alguns segundos para me familiarizar com os controles, e então, de repente, eu comecei a sentir novamente aquela mesma excitação de tempos atrás, quando tive meus primeiros contatos com sintetizadores. A primeira seção que eu ataquei foi o de modulação – talvez a parte que mais melhorou nesta atual arquitetura do Minimoog. Ele consiste de dois barramentos idênticos, cada um disponibilizando seis fontes de modulação que podem ser ligadas a até seis destinos via qualquer um dentre os seis controladores de uma lista. Eu já achava que este sintetizador fosse animal, o que eu não sabia é que ele é “O” Animal! Essas fontes de modulação diferem das que existiam no Voyager padrão, e são os três VCOs, o LFO, o gerador de ruídos e uma entrada para modulação externa. Os seis controladores para os quais essas fontes podem ser roteadas são o Overall Pitch, a frequência do Oscilador 2 ou 3, o Filter Cutoff, e o Oscillator Wave ou a frequência do LFO.

A modulação da forma de onda era algo que não se podia fazer num Minimoog, e o único problema aqui é que ele afeta todos os osciladores simultaneamente – ou nenhum. Ou seja, você não pode especificar apenas um som VCO para ser modulado. Mas se isto lhe parece menos flexível do que você gostaria, ao menos tem a virtude de ser simples. O componente controlador da barra de modulação é, como de costume, um destes: mod wheel, velocity, aftertouch e ambos os envelopes, além de um CV externo ou um pedal de expressão.

O Old School compensa a ausência do menu de opções, que existia no Voyager padrão, com um número maior de controladores de modulação em seu painel. Mas como só existem dois barramentos e três controladores principais de performance, você pode não conseguir fazer tudo o que gostaria num único patch. Por exemplo, se você rotear velocity para o filter cutoff, e aftertouch para o wave modulation, você não vai conseguir utilizar o mod wheel – os dois barramentos já estarão totalmente ocupados. É aí que entra em cena o opcional VX351 CV Expander.

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