27 novembro 2010

Richard Grayson




Já ouviram falar nele? Outro dia, assisti a um vídeo desse pianista (o da foto ao lado, em que aparece alguns anos mais jovem). Nele, Grayson fazia uma brincadeira divertidíssima: alguém da platéia lhe passava um pedaço de papel com o nome de uma música qualquer e o estilo em que ele deveria tocá-la. Grayson lia o papel, sentava-se ao piano, pensava um pouco e... começava a tocar, por exemplo, um “Girl of Ipanema” ao estilo de Beethoven. Divertidíssimo. Da platéia, choviam mais e mais sugestões, cada uma mais esdrúxula que a outra – do tipo “A Cavalgada das Valquírias no estilo de um tango”, ou “La Cucaracha ao estilo de Prokofiev”, e assim vai.

Isso pode parecer um tanto circense, mas Grayson é tão bom no que faz, e o faz com tanta facilidade, que nos incute um amor ainda maior pela Arte da Música. Quando assistimos a uma performance de Gould, de Rubinstein, de Pollini, ou de qualquer outro grande pianista, somos levados a crer que a musicalidade deles não vai muito além da capacidade de ler e memorizar extensas e complexas partituras, e de tocá-las com surpreendente desenvoltura. O que Grayson nos mostra é que o grande músico é muito mais do que isso. Ele é capaz de produzir não somente a música que está escrita, ou que ele memorizou, mas a que toca em seu cérebro naquele momento! Uma vez, falei de uma coisa chamada “ouvido interno”, algo que todo compositor acaba adquirindo com a experiência, e que explica o aparente milagre das obras que Beethoven compôs quando já estava completamente surdo. Pois junte-se essa capacidade de “compor internamente” uma música com a de materializá-la instantaneamente, e teremos um Mozart (já viram aquela famosa cena de “Amadeus” em que ele improvisa sobre um tema de Salieri?).

Abaixo, uma pequena lista de vídeos em que Grayson delicia o público com sua capacidade de parodiar qualquer música em qualquer estilo que lhe for solicitado:









E, se procurarem no YouTube, ainda encontrarão:

. Toque da Nokia (telefone celular) no estilo de uma galliard renascentista
. Singing in the Rain ao estilo de Wagner
. Tema dos Muppets no estilo de uma fuga de Bach
. A Cavalgada das Valquírias no estilo de um tango
. A Nona de Beethoven no estilo de um tango
. La Cucaracha ao estilo de Prokofiev
. A Garota de Ipanema ao estilo de Poulenc
. Take the A Train no estilo da Marcha Fúnebre de Chopin
. etc, etc, etc...

Mas Grayson é, também, compositor dos mais respeitados. Quando não está divertindo uma audiência (e a si próprio), direciona sua inventividade para obras originalíssimas. É o caso da música abaixo, que precisa ser ouvida e vista ao mesmo tempo:



E já que falei sobre paródias, deixe-me sair um pouquinho de Grayson para falar de um outro músico muito famoso: Dudley Moore. Na verdade, ele fez sua fama como comediante, mas é, também, pianista e compositor. No vídeo abaixo, Moore interpreta uma peça bem ao estilo das sonatas de Beethoven, mas usando um conhecido tema do filme "A Ponte Sobre o Rio Kwai". A diferença é que, neste caso, não se trata de improviso. Mas é muito engraçado assim mesmo:





Encontrada obra inédita de Myslivecek – o compositor tcheco que influenciou Mozart




Concerto escrito por um compositor considerado uma das influências musicais de Mozart será apresentado na Inglaterra

A flautista australiana Ana de la Vega apresenta-se no London’s Cadogan Hall com a Orquestra de Câmara Inglesa, tocando o Concerto para Flauta em Ré Maior de Myslivecek, cuja partitura ela mesma encontrou na biblioteca da Orquestra Filarmônica Janacek.

“Estou tão feliz por ter encontrado esta peça”, diz de la Vega. “A forte conexão entre Myslivecek e Mozart é evidente na música. Há todas aquelas borbulhas, amor pela vida e êxtase típicos de Mozart”.

Myslivecek encontrou-se com Mozart e seu pai Leopold em 1770, dando início a uma amizade que durou uns bons oito anos, como provam as constantes referências ao compositor tcheco nas correspondências trocadas entre Wolfgang e Leolpold. Pensa-se, inclusive, que o jovem Mozart teria se baseado no “Nitteti” de Mylivecek para escrever sua primeira ópera séria, “Mitridate”.

A imagem abaixo é da primeira página da partitura de um trio escrito por Mylivesek (clique nela para aumentá-la).



(Mais informações: bbcmusicmagazine)

(veja também: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)




26 novembro 2010

Sala São Paulo – Concertos Gratuitos (Banda Jovem do Estado)

Banda Jovem do Estado, Prokofiev, Rick Wakeman, Walt Disney... O que todos eles têm em comum?

Quando soube qual era o programa da série Concertos Matinais desse próximo domingo (dia 28 de novembro, às 11 da manhã, na Sala São Paulo), e qual era a orquestra que iria tocá-lo, senti-me compelido a escrever algo a respeito. É que eu sou grande admirador do trabalho que a Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo vem fazendo. Considero-os simplesmente sensacionais. E vocês entenderão o porquê quando assistirem ao mesmo vídeo através do qual eu os conheci:



O vídeo acima foi postado no YouTube por Roberto Lopes Teixeira. Roberto declara-se fã de rock progressivo (principalmente Rick Wakeman, Yes, Genesis, ELP, etc.), e, por ter ficado tão ou mais impressionado do que eu com a qualidade artística dessa Banda Jovem, resolveu divulgá-la. Fez muito bem.

Mas, no programa deste domingo, a Banda Jovem do Estado não tocará nenhum clássico do rock, e sim obras de Sergei Prokofiev. Mas, quem é, afinal, esse tal de Prokofiev?

A obra mais conhecida de Sergei Prokofiev é, de longe, a música que ele fez em 1936 para a história de "Pedro e o Lobo" (imortalizada, depois, num desenho animado de Walt Disney). É fruto de uma encomenda que as autoridades culturais de Moscou lhe fizeram, com o intuito de desenvolver o gosto pela música clássica em todas as crianças na idade escolar. O vídeo abaixo é da animação que Disney fez para “Pedro e o Lobo”, integralmente montada a partir da obra homônima de Prokofiev:



Ah, eu esqueci de dizer que, além de amante da Música, sou cinéfilo. E isso tem tudo a ver com Prokofiev. Alexander Nevsky, por exemplo (que será tocada neste domingo), é uma cantata composta em 1938 especialmente para um filme de Sergei Eisenstein. No vídeo abaixo, pode-se ouvir o início dessa cantata ao mesmo tempo em que imagens desse filme são exibidas. Serve como prévia do que se ouvirá na Sala São Paulo:



Música e Astronomia - Sir William Herschel

Sir William Hershel (1738-1822) é mais conhecido como o astrônomo que descobriu o planeta Urano. Descobriu, também, duas de suas luas (Titania e Oberon), duas das de Saturno, além de cometas e nebulosas. Como se não bastasse, descobriu, também, a radiação infravermelha. Sua importância para o desenvolvimento da Astronomia foi tão grande que um dos melhores telescópios do mundo foi batizado em sua homenagem.

Mas o que quase ninguém sabe é que Herschel, além de cientista, foi compositor – e levava esse seu lado muito a sério: chegou a escrever vinte e quatro sinfonias!

Pois é dessa sua faceta artística que eu pretendo falar hoje (sobre a sua faceta “científica” eu sugeriria a leitura de um artigo sobre ele na Wikipédia).

Alguém poderia cair na tentação de dizer que Herschel, como compositor, foi um ótimo astrônomo. Eu também cheguei a pensar nisso, mas mudei de idéia depois de ouvir algumas de suas sinfonias. Fiquei agradavelmente surpreso. Muitos cairão em outra tentação: a de confrontar a qualidade de suas obras com as de um outro compositor, cerca de 18 anos mais jovem, chamado Wolfgang Amadeus Mozart. Se fizeram essa maldade com Salieri, que também viveu na mesma época, porque não o fariam com um ilustre desconhecido (musicalmente, ao menos) como Herschel? O problema é que a genialidade de Mozart ofusca de tal forma os seus contemporâneos que tendemos a vê-los num patamar muito inferior ao que realmente ocupam. Herschel, portanto, pode não ter sido um Mozart, mas esteve longe de ser um músico medíocre, como atestam as sinfonias que deixou para a posteridade.

O primeiro vídeo mostra o primeiro movimento de sua oitava sinfonia. O YouTube tem muito mais, se por acaso gostarem. O segundo vídeo, eu selecionei mais por mera curiosidade: é uma breve explicação de como Herschel descobriu a luz infravermelha, e faz parte de um documentário maior da BBC sobre o descobridor de Urano. O terceiro é, também, só uma curiosidade: trata-se da mesma música do primeiro, só que numa versão “rock” (na verdade, uma mera tentativa, já que não se deram ao trabalho de acrescentar nada além de uma bateria).






Yes – The Gates of Delirium




Não deve ser mais segredo para ninguém que eu aprecio tanto uma boa música erudita como um bom rock progressivo. De fato, Bach, Beethoven, Mozart, Brahms, Wagner, Yes, Rick Wakeman, etc. estão todos na minha lista. Gosto também de muitos outros gêneros (afinal, o que me atrai mesmo é a boa música), mas tenho uma certa queda pelo erudito e pelo progressivo. Para mim, há uma ligação estreita entre os dois. Portanto, estarei sempre falando alguma coisa deles.

Pois bem. Voltando àquele meu post sobre o show do Yes no HSBC Brasil, vejam só que coisa sensacional é este comentário de herper64 no YouTube sobre um dos vídeos que eu havia selecionado (e que repito neste artigo), o The Gates of Delirium:

“Adoro a forma como o Yes usa os acordes para criar climas e transmitir emoções. Por exemplo, ouçam o trecho que começa em 3:49, onde eles usam uma substituição do trítono, isto é, de Si bemol para Mi natural, em cima de um Lá no baixo; também em 7:54, onde eles começam em Lá menor e modulam através de Ré menor para Sol menor, resolvendo com a volta ao Lá menor. Nesse ponto, Jon reinicia o vocal, e então eles modulam para o relativo maior de Dó; em 9:58 eles vão para um paralelo menor, Fmin/C, Eb/C, Cb/C, Cmin, Fmin/C, Abmin/Bb, Cmin, Fmin/C, Ebmin/C, CMaj.”

É por isso que eu aprecio tanto esse tipo de música. Ela nos permite diversos níveis de abordagem – desde a mais superficial até a mais técnica. Só por isso, resolvi republicar aqui o vídeo de Gates of Delirium, do Yes. Sugiro que ouçam a música relendo o comentário do herper64:



A seguir, a letra do trecho cantado por Jon Anderson (a partir de 6'07''):

Soon, oh soon the light
Pass within and soothe this endless night
And wait here for you
Our reason to be here


Soon, oh soon the time
All we move to gain will reach and calm
Our heart is open
Our reason to be here


Long ago, set into rhyme


Soon, oh soon the light
Ours to shape for all time, ours the right
The sun will lead us
Our reason to be here


Soon, oh soon the light
Ours to shape for all time, ours the right
The sun will lead us
Our reason to be here




Jazz de New Orleans no Teatro Municipal

Dia 29, segunda-feira, às 20h00, o Preservation Hall Jazz Band, de New Orleans, apresenta-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

O Preservation Hall é uma sala dedicada à apresentação de grupos de jazz tradicional de New Orleans. Esses grupos apresentam-se mundo afora sob a denominação genérica de "Preservation Hall Jazz Band".







PRESERVATION HALL JAZZ BAND

CONCERTOS INTERNACIONAIS / SCM

Programa: JAZZ STANDARDS DE NEW ORLEANS

Preços:
Frisa e Camarote – R$360,00
Plateia e Balcão Nobre – R$60,00
Balcão Superior – R$30,00
Galeria – R$20,00






John Lennon escreveu a letra de “I’m only sleeping" no verso de uma carta de cobrança

Lennon havia comprado um telefone móvel para o seu carro, mas atrasou o pagamento.

Um dia, recebeu uma carta da firma que havia lhe vendido o aparelho, advertindo-o das consequências legais no caso de não quitar o débito. Que fez o Beatle? Usou o verso da carta para escrever a letra de “I’m only sleeping”.

Essa história inacreditável ocorreu em abril de 1966, dias antes da banda iniciar as gravações do álbum Revolver, nos estúdios da EMI. O rascunho da letra contem rasuras que são uma evidência preciosa do processo de criação da obra. Hoje, espera-se que o manuscrito (isto é, a carta de cobrança) seja vendido por 350 mil libras num leilão. Detalhe: a dívida cobrada pela carta era de pouco mais de 12 libras.

Mais detalhes aqui.

Companhia Japonesa toca Mozart para suas Bananas

Essa é uma notícia gastronômica, eu diria: a Japan Times conta-nos que uma companhia japonesa de frutas tem tocado Mozart para amadurecer as suas bananas. Aliás, não só para essas frutas, mas para uma variedade de alimentos e bebidas, incluindo molho de soja e sake.

Segundo Fumiko Ohara, diretor da firma, eles vinham experimentando há anos com jazz, Mozart, Bach, Beethoven, etc. “Achamos que Mozart funciona bem para o sake, e é por isso que só temos usado a sua música”.

(fonte: news.com)

25 novembro 2010

Mini-Mozart: Edward Tomanek, de sete anos, é o mais jovem compositor da Inglaterra

De vez em quando, surgem notícias animadoras como essa que eu li hoje.

Seria mesmo verdade que uma criança de apenas sete anos estaria compondo peças eruditas? Seria essa criança um novo “Mozart”? A manchete do Daily Mail não deixa margem a dúvidas: “Criança prodígio torna-se o mais jovem compositor da Inglaterra aos sete anos!”.



Essa criança se chama Edward Tomanek. Este ano, Tomanek graduou-se em piano e violino (depois de apenas quatro anos de estudos!), obtendo grau 8 nos respectivos exames. Agora, resolveu estudar órgão, e já começou a praticar no instrumento de uma igreja da vila em que vive com os pais, em Somersham, Cambridgeshire. Mas tudo indica que ele não vai parar por aí. Tomanek confessa que adora compor. A reportagem, entretanto, não deixa claro se ele realmente estudou para isso, ou se compõe baseado apenas no que aprendeu com os instrumentos.

Saí, então, à caça de algum vídeo em que pudéssemos vê-lo tocando qualquer coisa, mas não encontrei nada. Deparei-me com o de uma menina americana que, também aos sete anos, venceu um concurso de jovens talentos da ASCAP, em 2008. Chama-se Emily Bear. Eu diria que ela é mesmo impressionante. Vejam-na, no vídeo abaixo, executando uma peça de sua autoria.

Obs: De qualquer forma, não foi desta vez que Mozart perdeu o trono - já que começou a compor aos cinco anos, e com onze já compunha com tal desenvoltura que, para convencer o príncipe-arcebispo de que não se tratava de uma fraude, aceitou escrever uma “Paixão de Cristo” sozinho numa sala vigiada. Um milagre, realmente.






24 novembro 2010

Show do Yes no HSBC Brasil

(Atenção: escrevi um artigo DEPOIS do show, intitulado Show do Yes no HSBC Brasil - Como foi)

Só para lembrar aos que moram em São Paulo e adjacências: domingo, dia 28 de novembro, é dia de assistir ao mega-show do Yes, no HSBC Brasil.

Para quem não conhece, trata-se de uma banda de rock progressivo dos anos 70, e uma das mais importantes de todos os tempos. Mas vale aqui uma pequena observação sobre o show: o site do HSBC resolveu destacar o fato de que, dos músicos que virão ao Brasil (Benoit David, Steve Howe, Chris Squire, Oliver Wakeman e Alan White), somente Squire pertence à formação original da banda. Ok, ele foi um dos fundadores do grupo, mas eu, pessoalmente, prefiro menos a formação original do que a que gravou, por exemplo, o álbum Fragile, de 1971 - Jon Anderson (vocal), Steve Howe (guitarra), Chris Squire (baixo), Rick Wakeman (teclados) e Bill Bruford (bateria) – e na formação que se apresentará em São Paulo há ao menos dois desses integrantes: Howe e Squire. Mas eu incluiria aí nessa lista, também, o baterista Alan White, já que ele é “Yesista” de longa data, tendo substituído Bruford já em 1972, logo após a gravação de Fragile. E (por que não?) Oliver Wakeman, filho do "mago dos teclados" - nunca ouvi nada de Oliver, mas se a Genética estiver certa e ele tocar a metade do que o pai toca, já terá valido a pena. Só lamento mesmo é a ausência de Jon Anderson, cuja voz “angelical” eu considero uma das marcas registradas (senão a principal) do Yes. Em seu lugar, quem canta é Benoit David, ex-vocalista do Mistery.

Selecionei três vídeos bastante representativos do grupo. O primeiro é de uma apresentação ao vivo de “Roundabout” (faixa mais conhecida do álbum "Fragile", cuja capa está no alto deste post), música em que se destacam o solo de violão acústico de Howe, a participação de Anderson no vocal, e a presença de ninguém menos que o próprio Rick Wakeman ao piano. Espetacular. O segundo é o clipe original de “Owner of a Lonely Heart” - grande sucesso comercial de 1984. O terceiro é um trecho de "The Gates of Delirium", que vale tanto pela sonoridade (bastante típica desse grupo) quanto pelas belas imagens surrealistas - ao estilo das que eram usadas para ilustrar os álbuns desta e de outras bandas de rock progressivo da época. Minha parte preferida é a que começa aos 5'07'' - uma bela melodia introduzida pela guitarra e, depois, cantada "angelicalmente" por Jon Anderson. Assistam:








Compositores na Cozinha – Arnold Schoenberg

Na gravura ao lado, Arnold Schoenberg parece não estar muito feliz - mesmo diante de seu bolo de aniversário.

O ano era 1934, e o compositor tinha acabado de se mudar para Los Angeles. Você deve estar se perguntando: que motivo ele teria para não estar feliz? Para começar, um ano antes, Schoenberg havia sido obrigado a abandonar o cargo que ocupava na Academia de Artes Prussianas em Berlin, antevendo, então, o que viria a ocorrer com a Alemanha quando os oficiais nazistas começaram a expulsar os judeus da Escola.

E então vieram os problemas de saúde. Quando Schoenberg e sua família chegaram aos Estados Unidos, desembarcaram em Boston, onde o inverno rigoroso agravou a sua asma.

Mas aqui está ele, comemorando os seus 60 anos em Los Angeles com a família e alguns poucos amigos, mas preocupado com o agravamento da situação que deixou para trás sob o regime nazista.

A despeito de tudo, uma grande variedade de bebidas e guloseimas compuseram a mesa de Schoenberg. Abaixo, Dika Newlin, um de seus alunos de composição, rememora os eventos daquela tarde, 13 de setembro de 1934:

Cerca de uma hora após nossa chegada, começaram os comes e bebes. Havia farta quantidade de café com chantilly, seis ou sete tipos de sanduíches de queijo, lingüiça de fígado e outros quitutes tais como: pratos repletos de pastéis, bolo de café, bolo de chocolate com passas, bolo de pêssego e bolo de laranja.

Isto, acredite, era apenas o começo. A festa mesmo, o jantar de aniversário, nem tinha começado ainda. Nem as bebidas principais. Depois de comer tanta coisa boa, voltamos para o quintal.

Nesse momento, a parte essencialmente musical da noite foi interrompida com a chegada de mais pastéis, uma garrafa de uísque Black and White (uma de várias que foram trazidas muito a propósito pelo velho homem em homenagem ao seu grande dia) e alguns copos. Eu provei um pouco – muito pouco – do uísque, mesmo depois de forte reprimenda do Tio Arnold. Mas aí... eis que a ceia está na mesa!

Avancei sobre travessas de chucrutes adoçados, salsichões, batatas assadas, salames, salada de camarão, pão de centeio, anchovas - tudo fartamente regado com vinho tinto. E então veio o bolo de aniversário - e o velho homem, miraculosamente, apagou a velinha num único sopro. Depois de Nuria ter tocado o “Parabéns” no seu violino, e de Ronnie ter cantado um pouco fora do tom, mais uma rodada de vinho foi servida... e um grande Apfelstrudel (torta de maçãs) fez a sua entrada triunfal.


Agora, entre todas as "ameaças" listadas acima, aquela torta de chocolate com passas soa bastante tentadora. Quem sabe o quanto Schoenberg realmente a achou apetitosa... Mas aqui está uma receita contemporânea (de Cooks.com), para que você mesmo a faça.

(NT: desculpe-me, mas a receita eu não vou traduzir: é muita responsabilidade. Se eu tivesse ao menos o assessoramento de algum confeiteiro, tudo bem. Não entendendo nada de culinária, corro o risco de não ser suficientemente preciso na tradução e vocês prepararem algo muito distante de uma torta de chocolate com passas. Sugiro que "saciem" a sua curiosidade visitando o site com essa história acima e a receita, ambas em inglês. E bom apetite!)

P.S.: Faltou dizer que o autor termina o seu artigo sugerindo que "a grande variedade de comes e bebes" da festa de aniversário de Schoenberg poderia muito bem ter sido “complementada" com a audição de “Friede auf Erde”:




23 novembro 2010

Bach e Villa-Lobos a R$ 1,00

Muita música clássica boa e barata esta semana

Domingo, às 11h00 da manhã, a Orquestra Jovem do Conservatório Brasileiro de Música e o Coro Polifonia Carioca se apresentarão no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Eu dei uma olhada no programa: cá pra nós, é um PROGRAMAÇO! Considerando-se o preço, então... Eis as peças que serão tocadas:

Bach - Suíte Orquestral N° 3 em ré maior BWV 1068
Villa-Lobos - Prelúdio das Bachianas Brasileiras N° 4
Bach - Concerto para 3 pianos e Orquestra de Cordas em ré menor BWV 1063
Bach - Magnificat em ré maior BWV 243

É um luxo poder ouvir tanta coisa boa assim por apenas R$ 1,00. Cada uma das quatro obras a serem apresentadas mereceria um post específico. A Suíte Orquestral é uma obra grandiosa. O Magnificat, então, é monumental. A quarta das Bachianas Brasileiras havia sido composta originalmente para piano, mas depois foi orquestrada pelo próprio autor. O seu prelúdio é conhecidíssimo – tendo sido usado como tema até em filmes e novelas. Já o concerto para 3 pianos de Bach é obra bastante “sui-generis” – imagine só 3 pianos duelando num único palco! É claro que, para Bach, isso não chegava a ser propriamente um desafio - ele chegou a escrever concertos para até 4 pianos (cravos, na realidade). Terá sido esse o seu limite?

Só uma prévia da grandiosidade do espetáculo. Primeiro, o Magnificat e, depois, o Concerto para 3 pianos:






O Barbeiro de Sevilha a R$ 2,00

Também no Teatro Municipal do Rio, esta semana mesmo (de 24 a 28), a Companhia Brasileira de Ópera apresenta-se com o Barbeiro de Sevilha, de Rossini. Além das récitas normais, haverá também récitas para crianças – que pagarão somente R$ 2,00 (dois reais)! Lembro-me da única vez em que assisti a uma montagem dessa ópera, alguns anos atrás. Trata-se de um espetáculo exuberante, agradabilíssimo de se ouvir, e muito, muito divertido – perfeito para um público como o infantil.

OSB - Schumann, Barber, Busoni e Respighi

No dia 27, sábado, às 16h00, a Orquestra Sinfônica Brasileira apresenta-se com um programa de peso. Para contrastar com a leveza de O Barbeiro de Sevilha, que estará em cartaz até o dia seguinte no mesmo local, serão tocadas obras mais densas.

Schumann - Abertura, Scherzo e Finale Op. 52
Barber - Concerto para Violino Op. 14
Busoni - Suíte Turandot (estreia no Rio de Janeiro)
Respighi - Pinheiros de Roma

Solista: Rachel Barton Pine, violino
Regência: Roberto Minczuk

Preços:
Plateia e Balcão Nobre – R$130,00
Balcão Superior – R$60,00
Galeria – R$18,00


Procura-se: manuscritos de Vivaldi




Já tinha noticiado aqui sobre a surpreendente descoberta dos manuscritos de duas sonatas inéditas de Vivaldi, que estavam num portfolio doado ao Foundling Museum, perdidos em meio a 180 páginas de partituras de outros compositores. Agora estou sabendo que, pouco antes disso, já haviam encontrado os manuscritos de uma outra obra inédita do mesmo compositor, desta vez nos Arquivos Nacionais da Escócia: um concerto para flauta intitulado Il Gran Mogol. Na verdade, esse concerto é apenas um dos quatro de um mesmo grupo que havia se perdido. Os outros três continuam desaparecidos – espera-se que nas mãos de algum colecionador que pretenda, mais tarde, doá-los a algum museu.

(fonte: Guardian).


(veja também: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)





Sala São Paulo - Uma Noite na Ópera:

Eu teria que me desdobrar em vários para poder assistir a tudo de bom que se programou para esta semana no Rio e em São Paulo (incluindo o show do Yes). Como sou um só, ao menos dou a dica a quem se interessar: na Sala São Paulo, a Orquestra Municipal de São Paulo e o Coral Lírico Municipal, sob a regência de Rodrigo de Carvalho, fazem três apresentações, de quinta a sábado, com o programa “Uma Noite na Ópera” – uma seleção simplesmente sensacional do que há de melhor no gênero. Para se ter uma idéia, o espetáculo começa com a abertura de “La Gazza Ladra”, de Rossini (quem já assistiu ao filme Laranja Mecânica, irá se lembrar da música...). Quer uma mais conhecida que essa? Então, que tal a “Cavalaria Rusticana”, de Mascagni? Ou a “Madame Butterfly”, de Puccini? Ou ainda a “Carmen”, de Bizet? E tem também Donizetti, Gounod, Richard Wagner (com a magnífica “Tannhäuser”), etc. E, por fim, aquele que não poderia faltar: Giuseppe Verdi - dele, serão apresentados trechos de “La Traviatta”, “Nabucco”, “Il Trovattore” e “Aida”. Uma verdadeira pós-graduação em Ópera. É realmente uma pena que eu não possa estar lá para ver e ouvir. Clique num dos links abaixo para ver a programação:

25 de novembro (quinta-feira), 21h00
26 de novembro (sexta-feira), 21h00
27 de novembro (sábado), 16h30


22 novembro 2010

Santa Cecília - Padroeira da Música

Hoje é Dia da Música e dos Músicos! Dia de festejar Santa Cecília, a padroeira da música sacra, e santa protetora dos músicos em geral. Pouco se sabe sobre sua vida. Sabe-se, por exemplo, que ela foi martirizada provavelmente entre os anos 176 e 180 da Era Cristã, e que cantou antes de morrer, motivo pelo qual o seu nome tornou-se associado à Música. Ela tem sido representada de diversas formas, sempre ao lado de algum instrumento musical, como um violino, um órgão ou uma harpa. No entanto, a minha preferida é uma escultura de Stefano Maderno (acima), que reproduziu, em finíssimo mármore, exatamente o que teria visto no túmulo aberto por ordem do Cardeal Sfondrati, em 1599. Maiores informações na Wikipedia.

Jon Anderson na HDNet




O vídeo abaixo é uma prévia do programa que a HDNet (canal de televisão americano) transmitirá domingo que vem, com uma apresentação de Jon Anderson (o eterno vocalista e um dos fundadores do grupo de rock progressivo Yes) acompanhado pela Orquestra Jovem Contemporânea de Cleveland, intepretando, entre outras músicas, “State of Independence” – composta e gravada originalmente por Jon e Vangelis para o álbum "The Friends of Mr.Cairo", de 1981.

Coincidência:
No mesmo dia, o Yes estará se apresentando no HSBC Brasil , em São Paulo. O atual vocalista do grupo é Benoit David, ex-integrante de outro grupo de rock progressivo - o Mistery (Jon havia sido convidado em 2008 para fazer parte desta nova formação do Yes, mas não pode aceitar por problemas de saúde). O atual tecladista é Oliver Wakeman, filho de Rick Wakeman. A propósito, Rick e Jon (que fizeram parte, ao lado de Steve Howe, Chris Squire e Bill Bruford, da formação mais "clássica" do Yes) têm se apresentado juntos em excursão pela Inglaterra com o show "Anderson Wakeman Project 360".






21 novembro 2010

Beatles já estão no Top 100 do iTunes

Os Beatles quebraram a barreira do top 100 do iTunes no mesmo dia em que seu catálogo tornou-se disponível para download.

Nesta quinta-feira, os Beatles finalmente aderiram à revolução digital, disponiblizando as suas músicas para download através da loja do iTunes, da Apple.

No momento, há 11 canções deles entre as 200 mais. Hey Jude é a mais bem colocada, ocupando a posição 84.

Faixas individuais estão disponíveis por 0,99, e podem ser copiadas para um iPhone, iPad ou outro tocador MP3. Os fãs podem também comprar e baixar álbuns inteiros, incluindo textos, arte-final e mesmo vídeos em que os Quatro Fabulosos se apresentam.

(veja o resto desse artigo e o vídeo da reportagem no telegraph)

Fogos Orquestrais: maestrina é demitida depois de abandonar um concerto

O concerto estava sendo promovido como um evento “explosivo”, devido à apresentação da Sinfonia da Batalha de Beethoven e da Música Para os Reais Fogos-de-Artifício de Handel.

Mas as explosões de verdade ocorreram fora do palco quando a principal regente da Filarmônica de Huddersfield abandonou abruptamente os ensaios faltando somente três horas para o início do concerto – e não voltou mais.

Natalia Luis-Bassa, uma venezuelana talentosa e temperamental que estava à frente da orquestra fazia sete anos, acusou os músicos de desrespeitá-la e disse que a sua saúde estava sendo prejudicada pela atitude deles.

O episódio pôs em evidência o tenso relacionamento entre regentes e músicos, arranhando a imagem da cidade de West Yorkshire, que tem uma rica tradição em música clássica, corais e bandas de metais.

O bate-boca também provocou um racha na orquestra, que existe há 148 anos e sobrevive de doações, com patrocinadores classificando as críticas feitas pela Srta Bassa de “sexistas” e uma “punhalada pelas costas”.

(mais sobre essa confusão no site da telegraph)

União Européia quer que a Itália devolva dinheiro pago por um concerto de Elton John

A União Européia decidiu requisitar à Itália o ressarcimento de quase US$ 1 milhão gastos com um show de Elton John

A Itália usou US$ 1 milhão de um fundo da União Européia, normalmente destinado a investimentos em projetos nos países mais pobres do continente, para pagar por uma performance do artista britânico.

A Comissão Européia declarou que esse dinheiro foi gasto indevidamente.

Autoridades nacionais costumam ser criteriosas no uso desses recursos. Normalmente eles são destinados a projetos culturais de longa duração, como exibições de arte, construção de centros culturais e restauração de prédios antigos.

Um concerto de rock, que consiste numa única apresentação, não se encaixa nos casos previstos, disse o porta-voz da União Européia Ton van Lierop. “Por isso resolvemos pedir que a Itália nos devolva aquela quantia”.

Sir Elton John tocou no festival de Piedigrotta, no coração de Nápoles, em outubro de 2009. O concerto foi transmitido ao vivo pela TV estatal e assistido por 100 mil espectadores.

Dario Scalabrini, o diretor artístico do festival, disse que o evento tinha como objetivo promover a região de Nápoles.

(fonte: telegraph)