09 junho 2009

ROLAND FANTOM G (Parte 8)




Resumo

A Fantom G tem muitas outras cartas na manga: banco de acordes (possibilitando emissão de acordes complexos com o uso de um só dedo), acordes arpejados como num violão, um modo pitch-bend inovador que permite manter-se uma nota presa enquanto se varia uma outra (à la Jimi Hendrix), um arpeggiator, um step LFO (empregado engenhosamente para criar beats e synth phrases), além de detecção de sample beat com Recycle-style sample slicing... Só não encontrei ainda um acessório que sirva para tirar pedras dos cascos de um cavalo, mas a Roland provavelmente já deve estar trabalhando nisso (a atualização v1.2 foi liberada justo quando nós estávamos para publicar este artigo; nessa atualização, não há ainda aquele acessório de que falei, mas foram incluídas algumas melhorias no sistema de gravação e sequenciamento que chegaram tarde demais para que pudessem ser testadas para este artigo).

Workstations são ferramentas versáteis, mas, sempre que se tenta fazer coisas demais, corre-se o perigo de não fazê-las todas com a mesma qualidade. Sendo crítico ao extremo, poderia ser dito, por exemplo, que o editor de aúdio de uma Fantom G não rivaliza com o do Pro Tools, ou que suas formas-de-onda perdem em alcance e profundidade na comparação com os samples das bibliotecas especializadas, ou que ele simplesmente não tem aquelas opções de programação mais complexas que seriam encontradas num sintetizador analógico mais sofisticado, mas dizer tudo isto seria o mesmo que ignorar o mais importante: a força da Fantom G está exatamente no fato de ela abranger todas essas facetas, fundamentais para o trabalho de um profissional dessa área, e as combinar convenientemente num único pacote.

Uma última reflexão: a minha experiência me diz que leva um certo tempo até que se extraia o que há de melhor em teclados complexos como este, e os momentos de maior satisfação geralmente só ocorrem depois que já se está mais familiarizado com as funcionalidades mais profundas e sutis. A Fantom G tem recursos de programação aos montes, e explorar todas as suas possibilidades deve garantir, por uns bons anos, muita diversão para os músicos mais criativos. Até lá, a Roland provavelmente já estará comercializando algo como a Fantom Z (ou talvez se mudado para um produto que se chame, sei lá, “Spectre SD” - que, depois de compor e gravar uma sinfonia para você, irá preparar também o seu jantar). Qualquer que venha a ser esse futuro, um teclado do nível de uma Fantom G jamais perderá o seu extraordinário valor musical.


O Retorno da Fantom:O sistema de geração de sons da workstation Fantom, da Roland, baseia-se no módulo XV5080, da mesma fabricante, já analisado na SOS de Novembro de 2000 (veja em www.soundonsound.com/sos/nov00/articles/rolandxv5080.htm). A Roland inaugurou sua linha Fantom em 2001, aperfeiçoando-a continuamente desde então. Pode-se acompanhar este processo nos seguintes artigos de SOS:

Fantom FA76 (Fevereiro de 2002)
www.soundonsound.com/sos/feb02/articles/fantom0202.asp
Fantom S/S88 (Outubro de 2003)
www.soundonsound.com/sos/oct03/articles/rolandfantoms.htm
Fantom X6/X7/X8/XR (Setembro de 2004)
www.soundonsound.com/sos/sep04/articles/rolandfantomx.htm

A Fantom FA76 não tinha sampling e não podia ser conectada a um computador (um drive de disquetes era usado para salvar dados). Samples de usuários passaram a ser aceitos com o modelo “S”, que também incorporou os pads dinâmicos e substituiu o drive de disquetes por um slot de cartões Smart Media e pela USB. A Fantom X foi um dos primeiros teclados a incorporar uma tela LCD colorida.

A Roland aperfeiçoou continuamente as especificações de sua famíia Fantom ao longo de sete anos. Eis uma breve descrição dessa evolução, passo-a-passo:



Fantom: FA76 Fantom S Fantom X Fantom G
Ano de lançamento: 2001 2003 2004 2008
Polifonia máxima: 64 vozes 64 vozes 128 vozes 128 vozes
Memória disponível para formas-de-onda (ROM): 64MB 64MB 128MB 256MB
Formas-de-onda: 1083 1228 1480 2230
Patches (pré-configurados): 640 + 256* 648 + 256* 1024 + 256* 1664 +256*
Patches (de usuários): 128 256 256 512
Coleção de Ritmos (pré-configurados): 16 + 9* 32 + 9* 40 + 9* 64 + 9*
Coleção de Ritmos (de usuários): 16 32 32 64
Performances (pré-configuradas): 64 (m) 64 (m) 64 (m) 512 (8)
Performances (de usuários): 64 (m) 64 (m) 64 (m) 512 (8)
Sistemas multi-tímbricos (pré-configurados): 16 (16) 16 (16) 16 (16) 8 (16)
Sistemas multi-tímbricos (de usuários): 16 (16) 16 (16) 64 (16) 128 (16)
Memória RAM para samples (de fábrica/máximo): — 32/288MB 32/544MB 32/1GB
Efeitos: 90 77 70 78

Legendas:
* = General MIDI 2 patches
(m) = monotímbrico
(8) = muti-tímbrico com 8 partes
(16) = muti-tímbrico com 16 partes

Obs:
1 . A partir da atualização v1.2 (liberada justo quando estávamos para publicar este artigo). a Fantom G passou a aceitar 1GB de RAM.

2 . Na Fantom G, o que eram, inicialmente, “Performances” monotímbricas, e depois passaram a ser multi-tímbricas com 8 partes, agora são chamadas de “Live Sets”, enquanto os sistemas Multi-tímbricos com 16 partes são agora referenciados como “Studio Sets”.


Meus Favoritos:

As configurações que a Fantom G traz de fábrica têm muito a oferecer. Eis uma breve seleção de algumas das que mais me agradaram:

Single Patches:

80 Pure EP:
Um verdadeiro Fender Rhodes (ao menos eu o achei bastante realístico!), multi-sampleado muito corretamente. O som metálico como o de um sino é reproduzido fielmente, e as dinâmicas em quatro camadas conseguem capturar todas as variações de timbre do instrumento.
131 Remember: Um pad com som onírico e etéreo.
196 Himalaya Ice: Perfeito como fundo para um documentário de TV sobre a Antártica (podendo sonorizar, por exemplo, o surgimento de um iceberg).
521 6-Str Bass Brt. 1: O melhor baixo elétrico “clean” que eu já ouvi de uma workstation.
901 Tpt Soloist 3: Um solo de trompete orquestral brilhante e impositivo, ótimo para fanfarras.
1302 Chaos 2003: Um pad com um som belo, nervoso e cambiante.
Live Sets:

004 Dream Lead: Uma guitarra lead seca, incrementada pelo som bombástico de um death metal bass.
015 Westminster Abbey: Som de órgão de uma gigantesca catedral.
026 Techno Shredder: Enquanto sua mão esquerda ativa grooves de funk, a direita toca uma guitarra lead com distorção e palm-muted. Resultado: horas de divertidas jam sessions.
030 Liquid Nylon & Strings: Absolutamente celestial, um sonho para os improvisadores.
035 Cinema Str & Timp: Ótimo para compor música incidental de filmes melodramáticos.
041 Mega-G Synth: Mega, este som é, com certeza - especialmente pelo final retumbante.

Roland Fantom G

prós:
Contem uma enorme e versátil coleção de patches e de configurações multi-tímbricas, e espaço de sobra para salvar as do próprio usuário.
Excelentes samples de piano Rhodes, órgão de tubos, baixos e guitarras acústicas e elétricas.
Reverberação excelente.
Sequencer com 24 trilhas de áudio e 128 trilhas MIDI.
Trabalha com multi-samples inseridos pelos usuários.

contras:
Não importa bibliotecas de samples de terceiros, apenas os dados brutos dos arquivos WAV e AIFF.
Não reconhece os pontos de loop.
Não tem um controle panorâmico para os samples individuais de usuário.

final:
A workstation Fantom G, da Roland, tem algo de bom para cada um de nós – uma gama enorme de patches feitas sob medida para os tecladistas, pads dinâmicos e menus completíssimos para os programadores, gravação de áudio em multi-trilha e sequenciamento MIDI para produtores, além de recursos avançados de slice, dice e loop para os que gostam de mexer diretamente nos samples. Juntando tudo isso num único produto, o que teremos será uma workstation sofisticada, bem projetada e solidamente construída, com grande capacidade de expressão musical.

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