20 novembro 2010

Pianista sem braços fará turnê mundial

Sabem aquele pianista chinês que toca com os pés?

Pois agora o seu talento poderá ser apreciado também fora da China, numa turnê mundial que, por enquanto, inclui apenas as cidades de Hong-Kong, Paris, Viena e Taipei.
(fonte: reuters)

Liu Wei, de 23 anos, tinha somente 10 quando teve os braços amputados devido a uma forte descarga elétrica que sofreu enquanto brincava de “pique-esconde”. Há cinco anos, decidiu aprender a tocar piano com os pés, treinando até sete horas por dia. Ao apresentar-se em agosto na versão chinesa do programa de televisão “Got Talent” (o mesmo que, em sua versão inglesa, revelou ao mundo o talento de Susan Boyle), arrebatou os jurados e a platéia com uma versão de “Marriage D’Amour”. No mês passado, foi declarado o vencedor da disputa.
(fonte: reuters)

Veja o vídeo de sua primeira apresentação no Got Talent:



Descobertas duas sonatas inéditas de Vivaldi




Sonatas do compositor do barroco italiano foram descobertas num velho manuscrito de 180 páginas

Um par de sonatas para violino escritas por Antônio Vivaldi, compositor do barroco italiano, mais conhecido pelas Quatro Estações, foram encontradas, depois de permanecerem ocultas por 270 anos, num portfolio de 180 páginas que havia sido doado em 2008 ao Museu Foundling de Londres pelo colecionador Gerald Coke.

As sonatas foram autenticadas por Michael Talbot, especialista em Vivaldi e professor visitante da Liverpool Hope University, que resume as descobertas numa frase: “Pela simplicidade da escrita, parece que Vivaldi as compôs para músicos amadores.”

Uma dessas composições, uma Sonata em Dó Maior, deverá ser executada no domingo próximo pelo grupo “La Serenissima”, como parte do Cornerstone Festival da Liverpool Hope University.

A antologia havia sido adquirida por Coke em um leilão, e foi doada, após a sua morte, ao Foundling Museum. Na coleção, que consiste de manuscritos compilados entre 1715 e 1725, as sonatas de Vivaldi estavam misturadas a outras obras de Handel, Corelli e Purcell.

(Obs: aproveitem para conhecer uma outra coleção de Gerald Coke - sobre Handel - que está no site da Foundling Museum).

(fonte: bbcmusicmagazine)

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19 novembro 2010

Ásia domina premiações na competição de piano de Genebra

Duas jovens pianistas, uma do Japão e a outra da Coréia do Sul, demonstram o domínio dos asiáticos no mundo da música clássica na Competição Internacional de Música de Genebra, na noite desta última quinta-feira

A japonêsa Mami Hagiwara levou o prêmio máximo do júri (20 mil francos suíços) pela sua interpretação do Concerto para Piano, em Sol Maior, de Maurice Ravel.

A sul-coreana Hyo Joo Lee levou o segundo prêmio (12 mil francos suíços) pela sua interpretação do Segundo Concerto para Piano, em Dó menor, de Rachmaninoff.

Mas foi Lee, de 25 anos, que, graças à sensibilidade e à maestria com que executou uma das grandes obras do romantismo tardio, recebeu a maior votação do público que lotou o auditório, além de um contrato para gravar um CD com a orquestra patrocinada pela relojoaria suíça Breguet, do grupo Swatch.

A competição de Genebra, que existe desde 1939, é uma das mais prestigiadas do circuito internacional, tendo entre seus antigos laureados nomes da estatura de Martha Argerich e Maurizio Pollini.

Na edição deste ano, os inscritos vieram, em sua grande maioria, de países do Sudeste Asiático, com 41 participantes. A Rússia ocupa o segundo lugar no número de inscritos.

Com referências a um jazz explosivo no primeiro movimento e a uma cavalaria militar no último, o concerto de Ravel, escolhido por Hagiwara, de 23 anos, é uma peça que sempre exige muito de seus executantes. Já o segundo movimento, aparentemente menos interessante, ela o abordou com uma delicadeza firme, jamais permitindo que o piano fosse ofuscado pela orquestra.

O júri premiou a terceira finalista, a russa Maria Masycheva, com um outro segundo prêmio. Para exibir todo o seu domínio da técnica, Masycheva, de 28 anos, escolheu uma peça considerada diabolicamente difícil: o Terceiro Concerto para Piano, em Dó Maior, de Sergei Prokofiev.

Os finalistas tocaram num piano Steinway e foram acompanhados pela Orchestre de la Suisse Romande, atualmente a principal orquestra da Suíça.

(fonte: reuters)

Download Gratuito de Música Clássica



Download gratuito de música clássica no Amazon.com!

Corram enquanto há tempo, porque esta chance é por tempo limitado! A Amazon.com está oferecendo gratuitamente dois álbums de música clássica de excelente qualidade. O primeiro, I Love the 80s, Vol. 1 (1880s), apresenta seis belas sinfonias de Brahms, Mahler, Tchaikovsky, Dvorak, Borodin, e Saint-Saens. O segundo, The Orange Mountain Music Philip Glass Sampler, Vol. 1, apresenta algumas das mais famosas peças de Glass.


(veja também: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)


Como tocar piano




É possível aprender a tocar piano desta maneira?

Synthesia é um software com o qual se pode aprender a tocar qualquer peça para piano sem que se saiba ler a sua partitura. Trata-se de uma abordagem muito interessante, que tira proveito de uma parte do enorme potencial educacional dos computadores. Os vídeos abaixo são uma pequena demonstração da filosofia desse software. O download é gratuito, e pode ser feito no site da Synthesia.

(veja também: Free Sheet Music Download - DOWNLOAD GRATUITO DE PARTITURAS, uma extensa coleção de links para downloads de partituras gratuitas na Internet)




Chopin – Valsa Op.64 No.2 (Parte 1)



Beethoven – Sonata “A Tempestade” (Mov. 3) (100% da velocidade)



Beethoven – Sonata “A Tempestade” (Mov. 3) (30% da velocidade)



Beethoven – Sonata “Ao Luar” (Mov. 3) (100% da velocidade)



Compositores na Cozinha: A sobremesa certa para Gustav Mahler

Gustav Mahler, quando jovem, foi vegetariano. Existe uma história, contada por um de seus biógrafos, em que o compositor teria sido admoestado por amigos músicos num restaurante por ter se recusado a comer um prato, solicitando a sua troca por espinafres e maçãs.

Mahler deve ter passado a se alimentar daquela maneira depois de ler um ensaio escrito por outro notório músico clássico (e vegetariano não menos convicto), Richard Wagner.

Em 1880 – o mesmo ano em que Wagner publicou o ensaio em que defende o vegetarianismo – Mahler escreveu a um amigo:

“Tenho sido totalmente vegetariano nos últimos trinta dias. É um novo estilo de vida, um verdadeiro castigo voluntário para o corpo, mas o efeito sobre a minha moral é enorme. Estou convicto de que representa não menos do que a própria salvação da humanidade. Ouça o que digo: coma somente alimentos saudáveis (grãos, verduras, pão integral) e logo verá os resultados de seu esforço.”

Mahler acabou desistindo de sua dieta vegetariana, mas uma série de problemas de saúde sugerem que ele sempre teve motivos para se preocupar com o que comia.

Não sabemos exatamente se Mahler tinha algum pendor culinário, mas sabemos que sua irmã, Justine, cozinhava um excelente Marillenknoedel – uma espécie de bolinho de abricó, tradicional da culinária vienense. Ludwig Karpath, que era amigo de Mahler, descreve a reação do compositor ao descobrir que Karpath não gostava de Marillenknoedel.

“O quê?!” gritou Mahler ao seu amigo. “Existe um vienense para quem o Marillenknoedel não significa nada? Você virá comigo agora mesmo, e vai comer esse prato celestial. Minha irmã Justi tem uma receita própria que o fará mudar de opinião.”

Karpath tornou-se imediatamente um fan dos bolinhos. Talvez você também.

Obs 1: Para ver o artigo original (em inglês) e a receita do Marillenknoedel de Justi, acesse o site da npr.org.

Obs 2: O artigo termina com o seguinte pedido: “diga-nos, na seção de comentários, qual música de Mahler intensifica mais o sabor desses bolinhos. Eu, por exemplo, acho que o scherzo da Sinfonia no.2 pode funcionar. Que tal?”

Obs 3: Uma foto do Marillenknoedel:




Uma Introdução ao Sintetizador Moog

O vídeo no final deste post faz parte de um programa maior sobre a história da música eletrônica da BBC, e é perfeito para se entender como Wendy Carlos produziu seus primeiros álbuns. Mostra-se as operações básicas num sintetizador Moog, e ainda demonstra, de forma bastante sucinta, a sua utilização em conjunto com um gravador multipistas (Carlos, por exemplo, inicialmente utilizou um gravador de 8 pistas).




Obs: a foto acima é da super-máquina responsável pelos sons que ouvimos em álbuns como Switched on Bach.

Para ajudar no entendimento do vídeo, eu incluo, a seguir, a tradução de boa parte da narrativa, ao lado das imagens correspondentes.

Todos os sons instrumentais que estamos ouvindo são eletronicamente produzidos por um único homem num único instrumento musical. Ele se chama Sintetizador Moog. Ele produz sons de uma maneira que normalmente só se conseguiria com o esforço de experts em eletrônica com seus equipamentos complicados e muitos dias de trabalho.

O instrumento é feito de unidades eletrônicas independentes montadas num gabinete compacto. São osciladores (que produzem o som), filtros, amplificadores, e geradores de envoltória, que lhes dão forma. Um som pode ser também iniciado automaticamente. Você não precisa ser um expert em eletrônica para tocar o Moog. Tudo o que você precisa é de um bom ouvido musical, porque você cria o seu som simplesmente plugando nos lugares certos.

Quando você terminar, eles poderão ser executados no teclado.

O som é uma série de vibrações que viajam através do ar para serem interpretadas pelo ouvido. Essas vibrações são geradas eletronicamente por um oscilador. Um que tenha timbre simples e contínuo aparece dessa forma num osciloscópio:



Cada oscilador pode produzir um número ilimitado de timbres. Os sons para um instrumento musical convencional não possuem timbres tão simples, pois possuem numerosos harmônicos.


No Moog, este som é feito simplesmente conectando-se um segundo oscilador ao primeiro, e, então, repete-se o processo até que o novo som tenha um timbre mais encorpado.

Conectando-se vários osciladores, o som ganha uma espécie de qualidade, e qualquer som musical pode ser construído a partir destes componentes básicos. Agora, o som contínuo precisa ser formatado de modo que ele tenha maior musicalidade quando for tocado. Um módulo chamado gerador de envelopes faz isso controlando o modo como um som começa e termina.
Alguns sons musicais são feitos fundamentalmente dos mesmos tipos de vibrações, mas é a formatação da nota quando ela é tocada ...





...que faz a diferença entre o som de um piano e uma flauta.




Quando já está formatado, o som pode ser executado no teclado, que agora controla eletronicamente todos os outros módulos que estão sendo usados para criá-lo.

A extensão do teclado pode ser alterada permitindo-se a execução de notas que nunca foram antes ouvido num piano, onde elas não podem ser produzidas. Sons longos e contínuos podem ser tocados num segundo teclado fazendo-se o dedo correr sobre uma estreita fita metálica. Isto produz voltagens que mudam de forma contínua, que por sua vez produz sons variáveis.





Wendy Carlos x YouTube e etc.

Aprecio muito o trabalho de Wendy Carlos, do qual tomei conhecimento em 1978, quando comprei seu primeiro álbum - Switched-on Bach. Até hoje o tenho em bom estado – praticamente do jeito que o adquiri. A capa, coitada, já veio um pouco poída nas beiradas, o que não estranhei muito quando vi o ano de seu lançamento: 1968! Não se tratava, portanto, de nenhuma grande novidade, mesmo assim esse álbum me pareceu revolucionário. E me parece até hoje! A ponto de ter me convertido em definitivo ao mundo de Bach e, por extensão, de todos os mestres da música erudita. Deixei-me influenciar de tal modo por Switched on Bach que houve ocasiões em que fui ao cinema só por saber que a trilha sonora do filme tinha sido produzida por Wendy. Foi assim com Laranja Mecânica e, depois, com O Iluminado. Por isso, sempre quis homenageá-la neste blog. Se não o tinha feito até hoje foi porque não me sentia suficientemente certo de que deveria fazê-lo. Por que? É o que tentarei explicar no restante deste post.

Carlos x Intuitive Music

Se vocês entrarem neste site, verão que há uma foto antiga (em preto-e-branco) de Wendy Carlos, e a seguinte mensagem:

“devido a um comportamento exageradamente protecionista e a uma ação judicial predatória da SERENDIP, LCC CORPORATION, todas as resenhas e promos relacionados com as obras de Wendy Carlos foram retiradas deste site!”

Mais abaixo, vê-se uma repetição da mesma foto. Acima e abaixo dela, há links um tanto apagados. Clicando-se no primeiro deles (o que está acima da foto), entra-se no site da Intuitive Music, onde se lê o seguinte:

Temos que reconhecer que esta é uma das coisas mais surrealistas que já nos aconteceu ao longo dos quatro anos de existência da Intuitive Music. O fato é o seguinte: entramos em contato com o site oficial de Wendy Carlos (o legendário e pioneiro da música eletrônica nos anos 60) e com a Serendipity Records, requisitando uma entrevista para ser publicada em nosso site, mas recebemos um email apócrifo nos seguintes termos:

“Fora o contratempo, gostou da peça, Sra.Lincoln?
Suas páginas a respeito de Wendy Carlos são desrespeitosas, insensíveis, imprecisas e, em pelo menos uma das referências, provavelmente caluniosas. Além do mais, você está utilizando uma fotografia protegida por copyright sem a nossa permissão, o que infringe os direitos da Serendip LLC. Faça o favor de remover este material de seu website imediatamente.”

Respondemos, então, estupefatos:

“A quem interessar possa:
1 – Posso saber a identidade de quem escreveu esta mensagem, por favor?
2 – Quem é Sra.Lincoln? Meu nome é Niles, Naomi Niles.
3 – De maneira alguma tivemos a intenção de sermos “desrespeitosas, insensíveis, imprecisos e, em pelo menos uma das referências, provavelmente caluniosas” com a pessoa de Wendy Carlos. Primeiro porque não é esta a nossa política e segundo porque nós somos grandes admiradores de seu trabalho. Poderia nos dizer, por favor, onde exatamente nós teríamos sido desrespeitosos e todos os outros adjetivos que você usou? Isso nos ajudaria muito.
4 – Poderia nos dizer, por favor, qual imagem em nosso website está protegida por copyright e que teria sido usada sem permissão? E, se for o caso, poderia nos dar uma evidência disso? Não é nossa política fazer uso de material protegido por copyright sem a devida permissão, e até onde eu sei todas as fotos de Wendy Carlos que temos usado em nosso website são imagens promocionais.”

Eis a resposta:

“Quanto a “Sra.Lincoln”, vocês não estão a par de que ela estava ao lado do 16º presidente dos EUA quando ele foi assassinado no Teatro Ford?
Vocês deveriam acrescentar a palavra “ignorante” à forma com que lidam com Wendy Carlos (a lista de vocês é um lixo completo).
A Serendip LLC possui os direitos de cópia de todas as músicas e gravações de Wendy Carlos e também das assim chamadas fotos promocionais (verifique o aviso de copyright no site wendycarlos.com). Nós não permitimos a utilização de nenhuma foto nem as fornecemos para o seu website. Você deve retirar toda e qualquer foto de Wendy Carlos de seu website.
A.Franklin
Serendip LLC”

Acerca do tratamento “desrespeitoso” a Wendy Carlos no site da Intuitive Music, vocês mesmos podem julgar. O seu álbum “Switched on Bach” está em nosso Top 10 Best para álbuns eletrônicos dos anos 60 em nossa seção de resenhas:
Vocês podem ler também os arquivos sobre o artista em nosso Guia Técnico:

Carlos x Momus:





Em 1998, Wendy Carlos já havia ganho um processo que moveu contra o artista britânico Momus pela música “Walter Carlos”. O motivo foi esta letra (a original, em inglês, está aqui):





Walter Carlos não existe mais / Ele está no Elysium
Mas imaginemos que ele esteja em nosso continuum espaço-tempo.
Walter Carlos!
Compositor transsexual internacional daquela época gloriosa,
O grande sintetizador analógico / Barroco!

Ele agora é / conhecido como Wendy
Fez uma operação de mudança de sexo
Logo após ter feito Switched on Bach Volume 1


E quando a viagem no tempo for possível,
Wendy poderá entrar num “buraco de minhoca” e voltar ao futuro para se casar com Walter
Alguns verões barrocos antes
De um casal de modelos Moog voltar no tempo

(Repetir várias vezes: Legal legal legal / No verão / Cantando tra-la-la-la-la / E será legal num outro tempo)

Infelizmente,
Einstein nos ensina
Que quando a viagem no tempo finalmente for possível,
Não haverá como se retornar a períodos anteriores ao ponto em que a viagem no tempo se tornou possível pela primeira vez!

Portanto, assim como Walter Carlos agora só é possível no passado,
Teremos que nos contentar com viagens no tempo apenas no universo da música.

Obs: “buraco de minhoca” (wormhole) é, por incrível que pareça, um termo científico, e tem a ver com o “continuum espaço-tempo” (veja na Wikipedia - Buraco de minhoca).

No processo judicial, Wendy pedia uma indenização milionária (22 milhões). Chegou-se, no entanto, a um acordo: Momus comprometeu-se a pagar apenas pelas custas judiciais e pelos honorários advocatícios (30 mil dólares), mas teria que retirar a música “Walter Carlos” de seu álbum “Little Red Songbook”.

Retirou-se, então, a música do álbum, mas... eis que ela surge na Internet!

Eu a ouvi – e não gostei. Ok, o problema pode estar no meu gosto musical, que não combina muito com o desse artista, sei lá. A letra é inventiva, bem-humorada, mas um pouco hermética (por usar termos excessivamente técnicos) e ingenuamente irresponsável (politicamente incorreta, para usar um termo mais suave). De qualquer forma, “a quem interessar possa”, há um arquivo MP3 gratuito para download no site da dilandau.com (não coloco aqui um link para esse site porque, dessa história toda, só me interessa mesmo é o fato de que não adiantou nada Momus ter obedecido à ordem de retirar a tal música de seu disco).

Mas a história não termina aí. Trinta mil dólares ainda era um valor alto demais para Momus e sua pequena gravadora, a Le Grand Magistery. Momus solucionou o problema com uma idéia bem original: se Wendy não gosta de “homenagens” daquela espécie, outros poderiam gostar - e até pagariam por elas! Dispôs-se, então, a compor uma “homenagem musical” para cada pessoa que se dispusesse a pagar mil dólares para vê-la incluída em seu próximo CD, “Stars Forever”. Acabou conseguindo 30 “patrocinadores”, cobrindo, assim, o prejuízo causado pela ação de Wendy. E mais: o trabalho ficou melhor que o original, tendo sido muito elogiado pela crítica musical inglesa!

Carlos x YouTube:

Pioneira no uso de sintetizadores em gravações de música clássica (Switched-on Bach, de 1968), colaboradora de Stanley Kubrick em filmes como Laranja Mecânica e O Iluminado, e autora da trilha sonora de filmes da Disney, como Tron e A Bela e a Fera, Wendy Carlos é uma lenda viva no meio musical. Seria natural, portanto, que encontrássemos farto material a seu respeito no que é hoje considerado o maior fenômeno da mídia nos últimos tempos - o YouTube. Mas é como eu disse: seria natural, mas não é o que ocorre.

Procure por “Wendy Carlos” no YouTube e ele te retornará uma imensa quantidade de vídeos relacionados – mas quase nenhum com a música de Carlos. Os poucos que encontrei com sua música eram referentes ao filme Laranja Mecânica, e podem nem estar mais lá no momento em que escrevo este artigo. O resto dos vídeos (ou seja, praticamente todos) são de discípulos mundo afora que, usando Moogs e outros sintetizadores, procuram imitar o estilo e a sonoridade límpida de suas interpretações modelares.

Carlos parece ter um zelo extremo no que diz respeito aos direitos autorais. Sei que não está sozinha nesta luta, mas... será que essa postura não a prejudica? Afinal, exposição é tudo para um artista. Em outras palavras: quanto mais conhecido, mais chances ele terá de viver de sua arte. Nesse sentido, o YouTube é justamente a chance que todo artista pediu a Deus. Um bom vídeo pode ter milhões de acessos – o que é uma propaganda e tanto! Talvez não o seja para artistas cujos álbuns são vendidos aos milhões, mas eu duvido que Wendy Carlos venda, hoje em dia, um décimo disso. Em todo caso, ela deve saber o que faz...

Wendy não é avessa à Internet – muito pelo contrário. Uma prova disso é a sua página pessoal – que ela mesma administra há anos, e é um verdadeiro portal, onde trata não só de música, mas de arte e ciência em geral, misturando-os em experiências fascinantes. Seu “hobby” predileto é fotografar eclipses solares – mantem, por isso, uma seção inteira às fotos que ela mesma tira desses fenômenos, o que a tem feito viajar pelos cinco continentes em busca das belíssimas imagens de sua coleção. Mas o cerne do seu trabalho ainda é a música. Era amiga de Bob Moog, com quem colaborou no desenvolvimento dos primeiros sintetizadores (e a quem dedica um longo texto), e atualmente testa os mais novos projetos da Garritan – sobre os quais também fala em detalhes.

O curioso é que, embora pareça desprezar o fenômeno YouTube, é justamente nele que se faz a melhor propaganda de seu trabalho - principalmente entre os mais jovens, que são maioria absoluta entre os usuários e jamais ouviram falar no seu nome. Há uma legião de fãs postando vídeos com suas próprias versões sintetizadas de Bach, Scarlatti, etc., tocados “a la” Carlos. São homenagens sinceras (muito competentes, por sinal) e que têm o efeito de valorizar ainda mais a obra dessa grande artista, divulgando-a, ainda que de uma forma indireta, mas soberba e, o mais importante, sem custos! Graças a esse vídeos, muitos dos que nunca ouviram falar de Wendy Carlos acabarão visitando o seu site – e até comprando os seus CDs.


Referências:
Entrevista com Momus sobre a ação movida por Carlos: http://www.freewilliamsburg.com/august_2002/momus.html
Matéria sobre como Momus salvou sua gravadora: http://www.answers.com/topic/momus-artist
Momus na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Momus_(musician)

18 novembro 2010

Filme mudo no Los Angeles Walt Disney Concert Hall




Todos os anos, a Filarmônica de Los Angeles exibe um filme mudo no Walt Disney Concert Hall. O que torna este evento mais especial é o fato de o filme ser acompanhado por música ao vivo executada no órgão de tubos do próprio auditório. O organista Clark Wilson realiza um trabalho incrível, como pode ser visto no vídeo abaixo. Este ano, a apresentação se deu no dia de Hallowenn (31 de outubro), e o filme exibido foi o clássico “Dr.Jekyll and Mr.Hyde”.



(fonte: classicalmusic.about.com)



O encontro de Mickey com Mussorgsky




O Guardian disponibiliza em seu site uma reportagem em vídeo, na esteira do lançamento da versão Blu-ray de Fantasia, de Walt Disney. Mickey é protagonista de uma das várias histórias que servem de fundo para a espetacular lista de obras clássicas selecionadas para este filme – notem que, em geral, é a música que serve de fundo para a história de um filme, mas não neste caso.

No vídeo, a filha e o neto de Disney conversam sobre a tumultuada gênese desta obra-prima de 1940.

Obs: o vídeo está em inglês, mas vale a pena assistí-lo nem que seja pelas imagens e músicas dos trechos exibidos durante a entrevista.




A Décima Sinfonia de Beethoven




Décima Sinfonia de Beethoven?

É “quase isso”. Na verdade, a sinfonia de que trato neste post existe, e foi, de fato, composta a partir de fragmentos do que talvez viesse a ser mais uma sinfonia de Beethoven - se ele tivesse vivido o suficiente. Não há provas sequer de que tais fragmentos correspondessem todos a uma mesma obra, mas eles foram, sim, escritos pelo gênio alemão. São rascunhos, idéias, anotações a partir das quais se montaria alguma grande estrutura. Nunca se saberá com exatidão o que Beethoven tinha em mente, mas Barry Cooper resolveu assim mesmo reunir os pedaços (em torno de cinquenta) e os encaixou meticulosamente, como se montasse um grande quebra-cabeças. Surgiu daí este “Primeiro Movimento” de uma sinfonia “a la Beethoven”. O resultado é fantástico - embora a orquestração adotada nos remeta mais a algum compositor "pós-Beethoven" do que a um Beethoven propriamente dito. Confiram nos dois primeiros vídeos abaixo.

Cooper também achou os rascunhos de um scherzo, que poderiam ter se constituído no segundo movimento dessa sinfonia, mas não os aproveitou por considerá-los ainda muito toscos. De qualquer forma, alguém os traduziu para a linguagem MIDI e, depois, para MP3. Confiram no terceiro vídeo abaixo.

A propósito, os arquivos MIDI correspondentes aos fragmentos encontrados por Cooper podem ser baixados aqui ou na  PÁGINA DE DOWNLOADS deste blog.








Compositores na Cozinha: Risotto a la Giuseppe Verdi

O texto a seguir eu o traduzi de um artigo de Tom Huizenga para o site da npr music. Nele, o autor revela-nos uma faceta pouco conhecida de Giuseppe Verdi: além de grande compositor de óperas, foi também um entusiasta da culinária.

Com a proximidade do Dia de Ação de Graças, resolvi explorar algumas histórias apetitosas de compositores e suas inclinações culinárias. Hoje, falarei de Verdi (nos próximos artigos, abordarei os casos de Rossini, Mahler, Berg e outros).

O interesse de Giuseppe Verdi pela comida não veio por acaso. Ele descendia de duas gerações de quitandeiros e donos de restaurantes no norte da Itália, e tinha o hobby de cultivar hortas.

O grande compositor de óperas podia ser humilde ao falar de sua música, mas não quando o assunto era cozinha. Em seu livro Classical Cooks, Ira Braun conta sobre uma carta em que a esposa de Verdi menciona uma disputa culinária entre o seu marido e uma certa atriz chamada Ristori:

“A propósito, se Ristori acredita ser ela a melhor em matéria de tagliatelli, Verdi pode suplantá-la com o seu risotto, que é simplesmente divino.”

A seguir, o autor do artigo nos dá a receita de um risoto em homenagem a Verdi. Quem quiser se arriscar, visite o site com a reportagem completa.

17 novembro 2010

Elton John ajuda a realizar sonhos de academia de música

O astro continua a dar suporte ao Royal Academy of Music, desta vez com um concerto beneficente

O exuberante cantor e compositor Sir Elton John mantem o seu longo reinado frente à Royal Academy of Music (RAM): tendo sido aluno da instituição, ele se apresentará em Janeiro, ao lado de Ray Cooper, num evento destinado a arrecadar fundos para a Fundação Elton John para Bolsas de Estudo.

Após a performance – que ocorrerá na London’s Royal Opera House – haverá um jantar beneficente no Paul Hamlyn Hall com ingressos a 1000 libras cada. Espera-se que a arrecadação atinja algo em torno de 600 mil libras, metade do valor necessário para a aquisição de um novo órgão para a sala principal de concertos do conservatório.

O filantropo, que tem formação clássica, tem dado suporte financeiro aos alunos da RAM desde 2002, através da Fundação Elton John de Bolsas de Estudos. Segundo o Sunday Times, ele recentemente desembolsou mais de 1 milhão de libras para que 42 alunos continuassem seus estudos de música, e assiste com frequência aos seus concertos, subindo, inclusive, ao palco para demonstrar o seu entusiasmo por eles. Entre os antigos protegidos de Elton estão o tenor Allan Clayton e a violinista Catrin Win Morgan, do Quarteto Brodowski.

Elton, que está agora com 63 anos, começou a tocar piano aos três. Quando tinha onze, ganhou uma bolsa de estudos júnior na RAM, onde estudou por cinco anos. Embora tenha confessado que costumava matar aulas para passear, vários de seus professores o consideravam um “aluno exemplar” - um deles chegou mesmo a se lembrar de como ele tocou de memória as quatro páginas de uma peça de Handel depois de ouví-la uma única vez.

(Fonte: Musolife)