10 janeiro 2011

Cecilia Bartoli




Resolvi falar desta mezzo-soprano italiana porque o seu álbum “Sacrificium” é um dos indicados para o Grammy de Melhor Álbum Clássico de 2011. O título desse álbum é uma referência direta a um dos capítulos mais lamentáveis da história da música ocidental: em meados do século XVIII, cerca de 4000 meninos eram castrados todos os anos na Itália, só para que conservassem o registro de soprano mesmo depois de se tornarem adultos. Eram os famosos “castrati”. A combinação de cordas vocais delicadas com caixas toráxicas avantajadas num mesmo corpo sempre produziu timbres vocais muito apreciados pelas platéias. Bartoli, nesse CD, nos apresenta uma bela seleção das árias que fizeram parte do repertório de grandes “castrati” daquela época, compostas por grandes nomes como Handel, por exemplo. O primeiro dos três vídeos abaixo contem trechos desse álbum, além de uma entrevista com a cantora.

Mas eu queria mesmo era falar de Bartoli. Ela se destaca menos pelo timbre de sua voz do que pela técnica apuradíssima. Poucas pessoas neste mundo são (ou foram) capazes de produzir coloraturas tão límpidas como as que se ouve, por exemplo, nos dois últimos vídeos abaixo: no primeiro, ela canta uma das árias mais difíceis do século XVIII – Al tuo seo Fortunateo, da ópera Orfeu e Eurídice, de Haydn (composta em 1791); no outro, a vemos em ação na ária “Non piu mesta”, da ópera La Cenerentola, de Rossini.










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