24 julho 2009

O Poeta Matuto




Ontem, dia 23 de julho, foi aniversário do radialista Geraldo Ferreira da Silva – o Geraldo do Norte (conhecido, também, como o “Poeta Matuto”), da Rádio Nacional. Parabéns, Geraldo, pelos seus cinquenta anos de vida.

Eu sei que você, meu caro (e raro) leitor, deve estar achando esse assunto um pouco estranho. Afinal, a minha lista de artistas já era tão diversificada (com nomes que iam de Bach a Guilherme Arantes, e de Tom Jobim a Wendy Carlos, por exemplo)...

Deixe-me explicar. Eu gosto mesmo é de Arte – e, mais especificamente, de Música. A Música, para mim, é como o ar que nos rodeia, que todos nós respiramos, e ela será boa ou ruim por si só, independentemente de gênero, credo, cor, classe social, formação acadêmica ou cultural. Dito isto, quem sabe não esteja mais claro o motivo pelo qual eu sou tão eclético?

O mais comum é que as pessoas tenham algum gênero de sua preferência. Tem gente que prefere o rock, outras que preferem o samba, e ainda as que só curtem mesmo um “batidão”. Tem as que abominam tudo isso, mas adoram música erudita, por exemplo.

Mas há também os que se acham ecléticos. Dizem-se abertos a tudo, “desde que seja bem feito”. A maioria deles, na verdade, pode até gostar de muita coisa, mas tem sempre um gênero que eles chutam para escanteio.

Eclético sou eu, que consegue encontrar boa música em qualquer lugar, sem preconceitos quanto ao gênero. Encontro maravilhas, por exemplo, nas obras de Paulinho da Viola. E também nas de Adoniran Barbosa, Cartola, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça, sem falar em Noel Rosa, Caetano, Gil, Chico, Francis Hime, Beatles, Rolling Stones, Queen, Rick Wakeman, Yes, Elton John, Guilherme Arantes, Michael Jackson, Renato Teixeira, Almir Sater, Lenine, Vangelis, Paulinho Moska, Marina Lima, Mozart, Geraldo Azevedo, Pink Floyd, 14-Bis, Flávio Venturini, Milton Nascimento, Bach, Paul Mauriat, Lô Borges, Telemann, Renato Russo, Brahms, Schöenberg, Cazuza, e por aí vai...

Não creio em gêneros ruins. A boa música pode germinar em solos dos mais variados tipos. É claro que um terreno fértil ajuda. Por outro lado, o mérito do artista é maior se ele nos surpreende com obras-primas que florescem em pleno deserto...

Não havendo algum gênero de que eu goste mais ou, ao contrário, que eu não suporte, talvez eu mesmo seja uma exceção, uma anomalia. Afinal, quem poderia gostar ao mesmo tempo dos quartetos para cordas de Beethoven e dos versos de Geraldo do Norte?

Mas eu não me considero uma anomalia. Costumo pensar da seguinte forma: “sou o extremo oposto de um purista”. Ou seja, um purista “às avessas”.

E, de fato, eu detesto os puristas. O purismo, na minha opinião, não passa de uma grande besteira. É somente o disfarce preferido dos que não gostam de Música mas querem que todos acreditem no contrário. Quem gosta mesmo de Música não pode ser purista. E repudiar o que fez, por exemplo, José Ramos Tinhorão que, provavelmente insatisfeito com sua enciclopédica obscuridade, parece-me que tentou dar um sentido maior à sua vida perseguindo artistas do quilate de um Antônio Carlos Jobim, com insinuações de que ele era um mero “adaptador” de temas alheios.

N um próximo post, pretendo mudar radicalmente de assunto. Que tal falarmos sobre a Nona Sinfonia de Beethoven?





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