20 maio 2011
Audio Flowers
Tive a sorte de crescer numa casa onde se ouvia música o dia inteiro. O rádio era ligado de manhã, e desligado somente à noite, e mesmo assim por causa da televisão, onde se ouvia mais música ainda - nas novelas, nos comerciais, etc. Não havia escapatória. Onde quer que eu me encontrasse, havia música.
Algumas dessas músicas me perseguiram até a idade adulta. Ressuscitavam, muitas vezes, num momento de distração, e até mesmo em sonhos (o problema é que elas acabavam não me saindo mais da cabeça pelo resto dia).
Alguns anos atrás, cismei de procurá-las na Internet. Queria ressuscitá-las, materializá-las, exorcizá-las, sei lá. Graças ao surgimento da Google, acabei encontrando quase tudo que queria. Eu disse "quase" porque faltava encontrar uma. Sem saber nada de objetivo a seu respeito – como título, intérprete ou autor - eu já estava me conformando com a possibilidade de jamais achá-la. Nem a letra eu sabia, porque, por ser em inglês e ter sido lançada bem antes de eu aprender minhas primeiras palavras nesse idioma, não consegui memorizar um único verso. Restou-me apenas a lembrança de sua melodia – mas o Google, até onde eu sei, ainda não indexa as músicas pelas suas melodias, harmonias ou ritmos.
Acabei descobrindo a tal música: chama-se “Don’t Sleep in the Subway”, com Petula Clark. Não é preciso dizer o quanto “ralei” para encontrá-la (um dia eu conto essa história com mais detalhes). Foi como procurar uma agulha num palheiro, já que o repertório musical à nossa disposição é imenso: são milhões de músicas, de todas as eras, estilos, nacionalidades, etc. Como achar, então, uma única música entre tantas, quando não sabemos o seu título, o seu autor e o seu intérprete?
Hoje em dia, se quisermos encontrar algum texto na Internet, basta que digitemos uma ou mais palavras-chave. Em geral, isso funciona porque textos são feitos de palavras, e palavras podem ser facilmente classificadas – em ordem alfabética, por exemplo. A busca de músicas através de seus elementos puramente musicais (e não através de seus rótulos) é, no entanto, um problema bem mais desafiador.
Pois não é que um grupo de pesquisadores resolveu enfrentar esse desafio? O objetivo deles, ao que me parece, é o desenvolvimento de um mecanismo de busca de músicas na Internet – ou seja, um Google para músicas! Eles ainda estão longe de conseguir isso, mas o Audio Flowers é um passo nessa direção, pois gera a “impressão digital” de qualquer música, baseando-se apenas em seu conteúdo rítmico, tímbrico e harmônico, o que permite a sua identificação de uma forma mais objetiva (a imagem ao lado é um exemplo dessas "impressões digitais").
Cheio de curiosidade, entrei na PÁGINA DELES, ouvi os exemplos sonoros, e resolvi clicar no botão “Help Science comparing tracks” – é divertido, e serve até como teste de percepção musical.
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